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Nível de atividade cresce 6,1% e surpreende indústria paulista

O nível de atividade da indústria paulista subiu 6,1% no último ano. Esta foi a segunda maior alta do índice (INA), apurado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) desde 2001, ficando atrás apenas de 2004, quando cresceu 13,55%. O resultado surpreendeu até as melhores expectativas dos empresários, que estimavam alta entre 3,5% e 5%.

A realidade foi muito melhor do que se esperava, apesar dos problemas com o câmbio, porque o mercado interno cresceu mais do que o previsto, explica o diretor-adjunto do Departamento de Pesquisas Econômicas (Depecon) da Fiesp, Walter Sacca.

O aumento do emprego e da massa salarial, aliado ao crédito mais fácil e mais barato, ajudaram a impulsionar a demanda interna. Segundo o economista, esta conjunção de fatores resultou numa melhoria geral no ano, que se estende agora também para janeiro. O primeiro mês de 2008 já registra um volume maior de pedidos e uma redução dos estoques da indústria.

As horas trabalhadas subiram de 4,5% em 2006 para 6,4% em 2007, mas o salário real médio do ano, no entanto, ficou 0,5% abaixo de 2006. Tivemos um aumento real nos salários de 4,5%, mas a média foi reduzida porque as contratações foram feitas na base da pirâmide, onde os salários são mais baixos, explica Sacca.

Para este ano, o diretor do Depecon acredita que haverá um novo crescimento. Só por inércia, continuando o movimento iniciado em 2007, já cresceríamos 2,5%. Se somarmos o crescimento em 1% do PIB com a injeção de recursos no mercado proporcionado pelo fim da CPMF, conforme dados do Banco Mundial, já teríamos 3,5% sem fazer muita força, afirma.

Apesar deste crescimento no ano, no mês de dezembro, o INA registrou um recuo de 1,3% em relação a novembro, considerando ajuste sazonal, mas ficou 6,1% acima do volume apurado em dezembro de 2006.

Sacca ressaltou que o câmbio ainda é um obstáculo para a competitividade da indústria. A indústria continua empregando e investindo, mas em anos, como 2004, em que o câmbio estava equilibrado, o PIB brasileiro cresceu 5,7% e o INA registrou alta de 8,5%.

Entre os setores, que mais se destacaram estão máquinas e equipamentos, com crescimento forte de 13,5%, seguido pelo de metalúrgica básica, que encerrou o ano com aumento de 11,2%. Segundo Luiz Aubert Neto, presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o bom desempenho do ano passado deve-se ao aumento das compras de cinco segmentos: açúcar e álcool, petróleo e gás, mineração e siderurgia, e papel e celulose.

No total, o setor faturou R$ 65 bilhões, dos quais 30% provenientes de exportação. Deste total, 25% diz respeito a vendas feitas para os EUA, que vem reduzindo suas compras nos últimos meses. Já sentimos o reflexo da crise norte-americana e só conseguimos contornar em função da forte demanda da América do Sul, que cresceu 30%, diz Aubert Neto. As exportações em geral cresceram 18% em 2007, mas as importações subiram 31%, o que levará a um déficit de US$ 4 bilhões para o setor. A questão cambial e a falta de uma política indústrial para o País está tirando a competitividade da indústria, diz o representante.

O setor têxtil, um dos que registraram menor crescimento no nível de atividade (3,4%) em 2007, também aponta a desvalorização do dólar como responsável pelo baixo desempenho. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria Têxtil (Sinditêxtil), Rafael Cervone Netto, a indústria produziu 6% a mais e a de vestuário 2,9%, enquanto o comércio registrou um crescimento de 12,42% em todo o Brasil e 17,24% em São Paulo. Se o País vendeu mais do que produziu, é claro que a diferença foi completada com produtos estrangeiros, devido a taxa de dólar que facilitou as importações. A indústria têxtil que encerrou 2005 com superávit de US$ 700 milhões, acusou um déficit de US$ 300 milhões em 2007.

A China informou, segundo Cervone Netto, que enviou ao Brasil 40 mil toneladas de têxteis e o Brasil acusa a entrada de 17 mil toneladas, o que reforça as suspeitas de entrada ilegal de produtos. Na última década, foram investidos US$ 10 bilhões em modernização pelas indústrias, o que nos dá condições de competir com o resto do mundo. Mas a diferença cambial, os impostos e a falta de isonomia nos tira a competitividade, explica o representante da segunda maior indústria na economia brasileira, com faturamento de US$ 34 bilhões e mais de 1,6 milhão empregos diretos, sem contar com os indiretos e os informais.

O presidente do Sinditêxtil afirma que, além da política industrial, o setor irá pedir ao governo auxílio na guerra fiscal entre os estados.

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