Mercado

Nelson Narciso: “Temos um extraordinário potencial”

Nelson Narciso, diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, divulga o potencial e as oportunidades na matriz energética brasileira para investidores de todo o mundo. As descobertas do pré-sal e a competitividade dos biocombustíveis têm redimensionado o interesse do mercado em torno do Brasil, e vão colocar o país num patamar econômico e social ainda mais elevado. Narciso falará amanhã, sobre temas relacionados à questão energética, em sua palestra na conferência do JB Brazil and the Future (O Brasil e o Futuro), nos Estados Unidos.

O Brasil pós-crise, segundo analistas, sai fortalecido. O senhor concorda? Como examina o momento atual da economia brasileira no contexto das recém-descobertas do pré-sal?

O fortalecimento do Brasil é reconhecido por diversos analistas, aqui e no exterior. O país sofreu menos os efeitos da crise gl! obal e saiu dela mais rapidamente. Temos uma economia diversificada, estável e vigorosa. A participação do mercado consumidor interno, aliada à consistência da política macroeconômica, tem desempenhado papéis preponderantes para a superação da crise. Ao mesmo tempo, o fluxo de investimentos diretos estrangeiros, contínuo mesmo durante o período mais agudo da crise, e agora crescente, contribui muito com os investimentos internos, públicos e privados, para a aceleração do crescimento da nossa economia com incorporação de inovação tecnológica e desenvolvimento da capacidade industrial. Nesse contexto, o setor do petróleo, que cresceu a taxas extraordinárias desde a criação do atual ambiente regulatório, também cumpriu importante função para o fortalecimento da nossa economia. Agora, as descobertas do pré-sal, que resultaram desse ambiente, inauguram um novo tempo de desafios e oportunidades, que, se bem aproveitadas, vão colocar o Brasil em um patamar econômico e social ainda mais el! evado. É claro que o momento exige superações nos domínios tecnológico, logístico e financeiro. Mas o pré-sal tem despertado um entusiasmo contagiante na sociedade e toda a indústria está se mobilizando para fornecer materiais, equipamentos, sistemas, embarcações, serviços e mão-de-obra qualificada para enfrentar esses desafios.

Quais os desafios em termos de infraestrutura energética o Brasil terá de enfrentar, sobretudo, no contexto mais adiante de Copa do Mundo e Olimpíada?

O planejamento energético brasileiro pode contemplar com tranquilidade e segurança a realização desses grandes eventos. A Copa e a Olimpíada representam uma oportunidade privilegiada para o Brasil mostrar ao mundo seus diferenciais, entre eles a nossa matriz energética diversificada e limpa: um país auto-suficiente em petróleo e com quase metade da sua energia gerada a partir de fontes renováveis. No setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis, regulado pela ANP, os principais desafios para o! s próximos anos são avançar nas iniciativas que permitirão o melhor aproveitamento dos recursos do pré-sal, e também acelerar o conhecimento do potencial petrolífero brasileiro em terra e a reativação, por pequenas e médias empresas, de campos petrolíferos de interesse marginal para as grandes companhias. O país precisa também continuar a ampliar a sua capacidade de refino e transporte de gás natural. Além disso, continuaremos aprimorando o desenvolvimento da nossa matriz de combustíveis, talvez a única no mundo em que o consumidor conta com a oferta de etanol, gasolina com percentual de etanol, GNV e diesel com percentual de biodiesel.

Como o senhor examina a discussão sobre a exploração das reservas e a divisão dos royalties entre os estados brasileiros?

O espaço adequado para o debate amplo e democrático sobre o aumento e a divisão da participação do Estado na renda sobre a produção de petróleo e gás é o Congresso Nacional. Estou certo de que a ANP está pronta! para o desempenho das suas atribuições de regulação, controle, cálculo e distribuição das participações governamentais com base nos critérios e procedimentos legais vigentes e no quadro de servidores capacitados de que dispõe para essas funções. Da mesma forma, a Agência também deve estar pronta para assimilar mudanças resultantes da legislação que vier a ser aprovada.

Quais serão os principais tópicos que o senhor levantará durante sua palestra na conferência em Columbia?

Nossa apresentação centrará esforços para mostrar aos participantes o momento único pelo qual passa o Brasil. O objetivo é plantar sementes capazes de despertar a atenção para o nosso país e atrair investimentos para o desenvolvimento do setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis. Temos estabilidade política, econômica e regulatória.

No setor regulado pela ANP, temos um extraordinário potencial: imensas bacias sedimentares atrativas, mas ainda pouco exploradas do ponto de vista petrolífero; oferta crescente de dados geológicos e geofísicos; vastas áreas e tecnologia avançada para o cultivo de matérias-primas para bicombustíveis sem comprometer o meio ambiente e a produção de alimentos; uma economia em crescimento que depende da disponibilidade de energia; mercado interno em expansão com consumo anual de mais de 100 bilhões de litros de combustíveis; sólida indústria fornecedora de bens e serviços, e mão-de-obra cada dia mais qualificada. Vamos mostrar que o Brasil é a mais promissora fronteira para a exploração e produção de petróleo e gás e também para o desenvolvimento dos biocombustíveis. Nossa energia vai continuar a atrair a atenção do mundo.

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