JornalCana

Na OMC, todos são contra a proposta da União Européia

Os países membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) finalmente entraram em acordo: todos rejeitaram a proposta da União Européia (UE) de liberalização de seu mercado para produtos agrícolas. Ontem, em Genebra, a UE apresentou sua proposta, que prevê cortes limitados de tarifas de importação e ainda estabelece várias exigências aos países emergentes, como a abertura de seus mercados para serviços e produtos industriais.

Os países têm até a reunião de Hong Kong em dezembro para chegar a um acordo sobre o ritmo da liberalização dos mercados, mas cada um continua defendendo sua posição. As distâncias entre os países ainda são enormes. Por isso acreditamos que a proposta do G-20 (grupo dos países emergentes) é o meio-termo entre todas as ofertas que estão na mesa, afirmou o embaixador do Brasil na OMC, Clodoaldo Hugueney. O G-20 pede cortes médios de 54% nas tarifas. O que os países estão pedindo é irrealista.

Eles querem a lua, respondeu um porta-voz da UE.

O Brasil quer que Bruxelas flexibilize sua posição e apresente novas idéias até 7 de novembro, numa reunião ministerial em Londres. Pela proposta apresentada sexta-feira a um pequeno grupo de ministros, a UE sugere cortes médios de 46% em suas tarifas, além da manutenção de proteção para quase 300 produtos considerados sensíveis, entre eles o açúcar. Bruxelas ainda condiciona sua oferta à abertura dos mercados emergentes a produtos industriais e serviços, como telecomunicação e financeiros.

Uma videoconferência prevista para amanhã entre os ministros da Índia, Estados Unidos, UE, Austrália e o chanceler brasileiro Celso Amorim foi cancelada. A UE alega que foram os americanos que rejeitaram a conversa, argumentando que não havia o que debater sem uma nova proposta européia.

Hugueney minimizou o cancelamento do encontro, apontando problemas de agenda dos ministros e o fato de o próximo encontro estar marcado para o dia 7, em Londres. Os europeus terão de apresentar algo mais até lá. Bruxelas, porém, havia dito semana passada que seria sua última oferta.

A realidade, porém, é que todos alertam para o perigo de colapso das negociações. O barco está indo em direção às pedras, alertou Crawford Falconer, presidente das negociações agrícolas da OMC. Para os EUA, a oferta não é transparente e é insuficiente quanto aos cortes de tarifas. Falando em nome do Grupo de Cairns (bloco de países exportadores de produtos agrícolas), a Austrália alertou que a proposta européia exclui produtos tropicais, entre eles café e banana. Até os países mais protecionistas – Suíça e Japão – se queixaram da proposta da UE. O motivo, porém, é oposto à crítica brasileira. Para esses países, o corte proposto é exagerado.

Inscreva-se e receba notificações de novas notícias!

você pode gostar também
Visit Us On FacebookVisit Us On YoutubeVisit Us On LinkedinVisit Us On Instagram