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Na fronteira, o que vale é o tamanho do tanque

O veículo mais cobiçado na fronteira Brasil-Venezuela é a picape Pampa, da Ford, na versão 4×4, porque vem com dois tanques originais, com capacidade total de 90 litros. Num censo recente, foram contadas 290 Pampas na região.

Às vezes, nas filas, há seqüências de mais de 20 Pampas. Uma picape dessas, dos anos 80, é vendida por R$ 8 mil a R$ 10 mil na região. Daí que os brasileiros metidos nesse negócio são chamados de “pampeiros”. A precariedade dos carros usados no contrabando e a quantidade de gasolina que eles carregam renderam também aos seus motoristas o apelido de “talebans”, porque podem explodir a qualquer momento.

O brasileiro Jessé, que, como muitos outros, prefere não ver o sobrenome publicado, contribuiu, involuntariamente, para essa fama. Sua Pampa pegou fogo há dois meses. Ele não podia mais trabalhar, porque a Polícia de Trânsito estava procurando por ele, exigindo 5 milhões de bolívares (R$ 5 mil) de indenização, por causa de uns fios queimados.

“Tive que dar uma TV zerada para um guarda de trânsito”, amarga Jessé, de 50 anos. “Agora, ando em carros de amigos.”

Um grupo de “pampeiros” se reuniu para explicar, quase em uníssono: “Fazemos isso porque não temos opção, não existe emprego aqui.”

Eles contam que, quando o então governador Flamarion Portela promoveu concursos públicos em Roraima, em 2002, muitos funcionários não passaram e, desde então, estão desempregados.

Seja como for, poucos salários se comparam à mina de ouro de Santa Elena, o encontro explosivo entre uma das gasolinas mais caras e uma das mais baratas do mundo.

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