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Mundo demanda terra brasileira para a produção renovável

Uma verdadeira revolução acontece no campo brasileiro. A maior demanda da sociedade por alimentos e por produtos renováveis e a inovação trouxeram aumento de indústrias que precisam da terra para gerar seus produtos e serviços.

Essa corrida por terras traz valorização e pressiona seu usuário a ter produtividade e a adotar novos mo- delos de gestão.

Muitos consumidores finais nem sabem que são pelo menos 14 as indústrias que utilizam a terra.

A começar pela tradicional e pressionada indústria de alimentos e bebidas, tendo que aumentar o uso da terra para atender a demanda mundial.

Outra importante indústria é a de rações, que demanda grãos e outros produtos para abastecer os animais.

O terceiro demandante é a crescente indústria de biocombustíveis, que ocupa importante área do milho americano, da cana brasileira e de produtos em outros países para abastecer os carros.

O vazamento de petróleo no golfo do México e os recentes preços elevados deram mais impulso a essa demanda por terra.

A área farmacêutica, com os chamados “nutricosméticos” (cosméticos vendidos na forma de alimentos), e a área médica, com os produtos “nutracêuticos” (remédios na forma de alimentos), viraram demandantes.

Vem também da fazenda a biomassa que, queimada, abastece a indústria de eletricidade, e a demanda por eletricidade segura e renovável só tende a aumentar, graças ao impacto do problema nuclear no Japão.

O recente lançamento das garrafas plásticas feitas com etanol faz com que a indústria do plástico renovável demande cada vez mais produtos vindos da terra.

A indústria ambiental também demanda mais terras, pois hoje existem mercados de crédito de carbono e necessidades crescentes de recuperação de florestas nativas em áreas degradadas, de margens de riachos e rios.

A nona indústria que demanda terras é a do turismo, com a atividade de entretenimento rural, experiência de vida no campo.

Também existe a tradicional indústria de couros, para produzir os calçados e outros produtos coureiros, que demandam animais criados nas terras.

Não se pode esquecer roupas e tecidos, pois seu crescente mercado vem absorvendo volumes cada vez maiores de algodão. Existe também espaço a ser conquistado em terras pela indústria de móveis e a de construção, que usam madeira plantada.

Não acabou. Falta falar de mais duas indústrias que precisam de mais terras: a da borracha, para pneus e outros artefatos, pois vem da seringueira, e, por final, a indústria de papel e celulose, que demanda árvores e mais árvores para fazer cadernos, livros e o jornal do leitor.

Haja terra…

Os impactos dessas 14 indústrias são distintos, mas trouxeram uma incrível corrida pelas terras, aumentando seu valor de maneira impressionante.

Essa valorização demanda do proprietário ou do usuário da terra um novo comportamento, uma nova ge stão, tema da próxima conversa.

MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento na FEA/USP (Campus Ribeirão Preto) e coordenador científico do Markestrat.

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