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Mulher assume direção de caminhões de cana

Desde a infância, Silvana Aparecida de Oliveira tinha um sonho: ser motorista de caminhão. “Desde criança eu sempre quis dirigir caminhão”, lembra. Hoje, com 40 anos de idade, ela não se importa de ter esperado tanto tempo para ter seu desejo ser realizado.

Silvana viu que seu sonho estava perto de ser concretizado no começo deste ano, quando uma usina de açúcar e de álcool na cidade de Vista Alegre do Alto resolveu fazer a experiência de abrir vagas para contratar motoristas mulheres.

Ela, que até então já havia dirigido ambulância, micro-ônibus e ônibus, pediu as contas na empresa onde trabalhava e decidiu encarar a nova experiência.

Hoje, Silvana não é a única caminhoneira da fabricante de açúcar e de álcool. Entre cerca de 340 motoristas da empresa, lá estão elas: Silvana, Milta Regina Gomes de Oliveira, Edna Pereira de Almeida Souza, e Sandra Maria de Carvalho.

Sempre prontas a encarar a boléia de um caminhão Romeu e Julieta. Elas garantem que não há moleza por serem mulheres. Trabalham de dia e de noite, assim como os homens.

São tratadas de igual para igual. E estão se acostumando a conviver num ambiente até então essencialmente masculino.

“Não tinha nem banheiro para mulher”, comenta Silvana sobre o espaço onde fica a oficina.

Sem medo

Destemidas, as motoristas contam que não têm medo de enfrentar as estradas nem mesmo à noite. Ressaltam apenas que ainda ‘apanham’ um pouco por não conhecerem os trajetos na zona rural.

“Outro dia mesmo errei o caminho”, lembra Edna. “Estrada de fazenda não é igual a de asfalto, que tem sinalização e iluminação”, justifica.

Mesmo com os desafios pela frente, as mulheres caminhoneiras estão gostando da nova ocupação e não pensam em mudar de vida.

“Agradeço a oportunidade que estou tendo porque a gente tem sempre que mudar para melhorar”, diz Edna, que depois de 6 anos dividindo com o marido o volante do caminhão de doces de irmão, agora encara sozinha um veículo carregado de cana-de-açúcar.

Dos homens, elas recebem orientação e apoio. “Os caminhoneiros nos dão dicas de mecânica, coisa que a gente ainda não entende e precisa aprender”, comenta Silvana.

“Meu marido me apóia, me ajuda e me ensina”, diz Edna, que acha engraçado quando cruza com um caminhoneiro na estrada e ele vira o pescoço para trás para ter certeza do que viu: uma mulher ao volante de um Romeu e Julieta.

Empresa aprova experiência

A experiência de mulheres ao volante dos caminhões que transportam cana-de-açúcar tem tido resultados positivos para a empresa.

“As mulheres são mais cautelosas, mais atenciosas e mais dedicadas”, confidencia Reginaldo Chara, supervisor de transporte da fábrica de açúcar e de álcool de Vista Alegre do Alto.

O supervisor revela outro ponto favorável encontrado nas mulheres motoristas: “elas também têm sido mais econômicas no consumo de óleo diesel em relação aos motoristas do sexo masculino”.

Chara conta que antes de partirem para a estrada, as mulheres passaram por treinamento durante dois meses.

O trabalho foi executado por profissionais da própria fábrica.

“Pelo fato de ser uma novidade, a experiência está indo muito bem. O resultado até nos surpreende”, avalia o ‘chefe’.

Ele explica que decidiu recorrer às mulheres por conta da escassez da mão-de-obra masculina disponível na região onde fica a usina, em Vista Alegre do Alto.

Garra

Diante de tantos elogios e da garra das motoristas, os homens já sentiram que terão que ficar espertos e se esforçar.

“Estou achando uma boa experiência porque a mulher tem mais jeito e sempre tem coisa para ensinar”, observa o colega de trabalho Luiz Carlos Debortolo.

“Mas agora é bom a gente abrir o olho senão vai levar uma rasteira delas”, brinca o motorista.

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