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MT precisa de R$ 1 bi

Mato Grosso precisa renovar com urgência, cerca de 30% dos 200 mil hectares ocupados com a cana-de-acúçar para suprir demandas domésticas e manter a atividade financeiramente rentável. Além disso, o ganho em produção e produtividade deverá ser acompanhado de melhorias técnicas nas usinas e da manutenção dos atuais canaviais. O custo desta necessidade está orçado em cerca de R$ 1 bilhão e os investimentos já deveriam estar em andamento para garantir uma boa safra no próximo ano. No entanto, o segmento mato-grossense se diz descapitalizado para uma ação neste vulto, seriam 60 mil hectares, e teme que não haja mais tempo de preparar a safra de 2013, cujo plantio tem de ser realizado já no início do próximo ano.

O cenário é um efeito dos acontecimentos que duram há cerca de dois anos, quando a luz amarela se acendeu no segmento sucroalcooleiro estadual como de todo o Centro Sul do país que concentra a maior produção nacional. A ponta do iceberg dos problemas atuais – falta de recursos próprios para expansão da atividade – emergiu ainda no início de 2009, quando o mundo contabilizava os impactos da crise financeira dos Estados Unidos. De lá pra cá, investimentos em novas plantas industriais e na manutenção e ampliação dos canaviais sofreram queda brusca e a oferta, especialmente de etanol hidratado, não conseguiu mais acompanhar o ganho do poder aquisitivo da população e de um Brasil pós-redução do IPI para carros novos. O resultado disso é um produto cada vez mais pressionado pela demanda, em outras palavras, mais caro ao consumidor.

O peso da crise de liquidez divide o segmento em dois momentos: em 2008 a participação de capital estrangeiro no segmento passou de 6% para 22% no Brasil e de 2006 a 2008, 85 novas unidades industriais foram projetadas, mas somente 58 foram finalizadas. Nos dois últimos anos (2009 a 2011) o segmento quase não avançou e as safras de 2012 e 2013 estão comprometidas pela falta de investimento no campo. Especialmente em Mato Grosso, no pós-crise internacional, os usineiros tiveram de “liquidar” a produção de etanol para fazer caixa frente às despesas mensais. Houve a chamada ‘farra’ do etanol, quando o litro pôde ser encontrado na Capital por até R$ 0,99 e média de R$ 1,07. A ‘farra’ engessou e trouxe como conseqüência a descapitalização e a ameaça de uma produção aquém da necessidade e a implacável lei de mercado que eleva preços em cenários sob pressão de demanda, momento vivido atualmente.

ATÉ 2020 – E as perspectivas para esta nova década não são animadoras. A mudança está totalmente atrelada a novos investimentos nos próximos nove anos. Como revela o diretor executivo do Sindicato das Indústrias sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool), Jorge dos Santos, o segmento em nível nacional está desde 2009 discutindo o cenário nacional da cultura e desde o início deste ano apertou as discussões junto ao governo federal, mas até o momento, nenhuma política específica foi implementada “e mais uma safra se passou!”, exclama. Santos frisa que o governo sabe de todos os entraves da atividade, “mas pensa e propõem ações instantâneas, que mesmo assim, demoram para aparecer por falta de percepção do todo”.

Como expõe, “até 2015 temos de adicionar 150 milhões de toneladas de cana à produção nacional para suprir 60% da demanda por biocombustíveis e com isso, cobrir a atual ociosidade das usinas. De 2015 a 2020, o incremento terá de ser de mais de 400 milhões de toneladas para atender à necessidade por novas 17 a 20 usinas no Brasil. Tudo está orçado em R$ 80 bilhões, investimento próprio, mas que depende da rentabilidade, fator muito ligado à produtividade. “O governo trata uma cultura de longo prazo de maneira imediatista”.

Os canaviais que em média podem ser colhidos por cinco anos seguidos, chegam a sete e oito anos de vida útil no Estado, o que gera menor produtividade e mais gastos na manutenção. “Às vezes o produtor acha que a rebrota é mais barata ante o plantio, mas muitas vezes aumenta a despesa e a produtividade cai, prejuízo dobrado”.

Além da questão econômica, os canaviais sofreram muito com a estiagem do segundo semestre do ano passado “a maior já registrada em 35 anos” e na temporada 2011, a produção 5% menor obrigou a maior parte das dez usinas em atividade a antecipar a entressafra – o fim da moagem – em cerca de um mês, ainda em outubro, acontecimento inédito no Estado. Para tentar recuperar a safra 2013, 20 mil hectares (10% da área estadual) foram repovoados com cana, numa operação emergencial e totalmente fora de época. “Ao invés de plantar entre janeiro e março, plantamos cana com a chegada dessas últimas chuvas, fato jamais observado”. O investimento demandou cerca de R$ 94 milhões para uma adição “teórica” (é preciso saber o impacto do plantio emergencial) de 1,4 milhão t em 2013, o que renderia uma safra de cerca de 15 milhões t, volume próximo do recorde estadual de 15,28 milhões da safra 08/09.

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