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Motor híbrido amplia as perspectivas do etanol no processo de eletrificação

A expectativa é que o mercado de veículos eletrificados deve dobrar nos próximos 2 anos

“Híbrido Etanol: O Motor do Futuro” foi o tema do seminário realizado na quarta-feira, dia 6, para tratar sobre alternativas de uma nova fonte de energia limpa para combustíveis. Organizado pela Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo (FEM-CUT/SP), União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e pelo Centro Multidisciplinar de Pesquisa em Combustíveis, Biocombustíveis, Petróleo e Derivados (CEMPQC), o evento reuniu nomes importantes dos setores público e privado.

Apesar do Brasil já ter consolidado o etanol como uma alternativa limpa à gasolina, a indústria automobilística mundial passa atualmente por uma de suas maiores reinvenções e caminha para um futuro dominado pelo carro elétrico. Mas esse domínio pode não ser absoluto. O etanol também tem potencial para ocupar um lugar de destaque, quando se fala em mobilidade e descarbonização global.

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Thiago Sugahara

É nesse cenário que entra o desenvolvimento de veículos híbridos elétricos com propulsor a combustão flex ou movido exclusivamente a etanol. A ideia envolve um sistema híbrido, composto por um motor a etanol associado a um motor elétrico, e a perspectiva real do motor à célula de hidrogênio, gerado a partir do etanol. Seriam alternativas aos veículos elétricos, sem a necessidade de serem carregados na tomada e com a vantagem de ter uma pegada de carbono menor do que a dos veículos somente elétricos.

Debater a viabilidade e o futuro desse carro híbrido, foi o tema central do seminário. O primeiro painel “Rotas tecnológicas para a mobilidade sustentável”, contou com o professor universitário Wanderlei Marinho da Silva; Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen Região SAM (América do Sul, América Central e Caribe); e Thiago Sugahara, vice-presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e gerente de Assuntos Governamentais da Toyota do Brasil, com mediação de Eduardo Leão, diretor-executivo da UNICA.

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Em sua apresentação o professor Wanderlei Marinho, apresentou um panorama do processo de eletrificação. Em linhas gerais ele avalia que tecnologicamente todas as montadoras já sabem o que fazer e a principal questão é a de como inserir o Brasil nesse processo. Ele externou uma preocupação. “O que será embarcado nesses veículos híbridos, já que toda a produção lá fora está voltada para o veículo elétrico”.

Para Thiago Sugahara, da Toyota, essa é uma oportunidade para desenvolver uma nova cadeia de autopeças no Brasil. “O etanol conversa perfeitamente com o sistema de eletrificação. Iniciamos em Indaiatuba, com a produção do Corolla, o primeiro híbrido flex do mundo. A expectativa é que o mercado de eletrificado deve dobrar nos próximos 2 anos. Em 2019 foram mais ou menos quase 2 mil veículos eletrificados; em 2020, ano de pandemia, foram quase 20 mil veículos eletrificados; em 2021 foram 35.000 veículos eletrificados, dos quais 60% foram de veículos fabricados aqui no Brasil. A expectativa da Associação Brasileira do Veículo Elétrico é que para esse ano a gente tenha um novo recorde de vendas no primeiro trimestre”. O grande desafio, segundo ele, será tornar essa tecnologia mais acessível.

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O CEO da Volkswagen Pablo Di Si defendeu uma digitalização dos carros híbridos flex, a fim de que o consumidor tenha realmente a opção de escolha. “Precisamos desenvolver a nossa própria tecnologia, não só para o Brasil, mas para o mundo, para fora”. Para ele há a necessidade de implementar políticas públicas voltadas para todo o conjunto. “E para pensar no todo, precisamos pensar na matriz energética de cada país. Precisamos pensar na parte social e econômica de cada país. Quantas fábricas de motores existem no Brasil? Precisamos pensar numa fase de transição”, avaliou.

 Corredores logístico de gás

O segundo painel abordou “O marco legal para o motor do futuro”, com Margarete Gandini, coordenadora geral de Implementação e Fiscalização de Regimes Automotivos do Ministério da Economia; Evandro Gussi, presidente da UNICA; e Erick Silva, presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo.

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Margarete Gandini

Gandini destacou a convergência de ações de organismos federais, envolvendo Ministério do Meio Ambiente, Ministério de Minas e Energia, Ministério da Economia, MAPA e todas as suas coligadas com o objetivo de nascermos convergência das diferentes políticas governamentais para uma mesma direção.

“É a integração dos objetivos inicialmente do RenovaBio, do Proconve e do Rota 2030, que envolve tanto as metas de eficiência energética, quanto a etiquetagem veicular.  Devemos lançar até 30 de junho, a parte relacionada aos corredores sustentáveis a gás natural e biometano, logísticos nas estradas e depois passamos as redes de carregamento rápido para veículos. O Marco Legal está sendo construído dentro de uma lógica de que ao governo cabe dar a direção não dizer qual será a rota tecnológica”, explicou Gandini.

Erick Silva
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Erick Silva, presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, inclusive questionou se oferecer subsídios a pessoas que têm a possibilidade de pagar mais caro por um veículo elétrico. “Veículo elétrico que custa caríssimo e não tem nada de tecnologia nacional, não paga IPVA. Quem custeia isso? Faz sentido?”, provocou Silva.

“Temos uma oportunidade ímpar, nestes dois painéis trouxemos debate que nos projeta para o futuro. Mostra que estamos abertos a todas as tecnologias no Brasil, mas que não precisamos jogar fora o que a gente tem”, disse o presidente da UNICA, Evandro Gussi. “Não precisamos andar nas ondas e modelos pré-fabricados por outros. Temos que mirar onde queremos chegar: governo, iniciativa privada e trabalhadores pensando no melhor para o país”. Participantes do evento, a Toyota já tem veículos híbridos flex no Brasil e a Volkswagen planeja vários lançamentos com essa alternativa de motorização.

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Evandro Gussi

Gussi disse que é necessário diversificar a produção de etanol e incluir na discussão, o biometano (90% que vem do setor sucroenergético) que já está substituindo o diesel. “Estaremos daqui a 10 dias na Índia, que vem se consolidando como grande parceiro estratégico para a difusão do etanol no mundo”, adiantou.

Segundo ele, a Indústria Automobilística trabalha com possibilidades de larga escala e poderá olhar o Brasil, América Latina e Índia como mercados para motores híbridos a etanol. Segundo o presidente da UNICA, Tailândia, Paquistão e alguns países africanos também têm potencial de explorar o etanol como combustível alternativo limpo à gasolina.

 

 

 

 

 

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