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Montadora se prepara para ter carro movido a gasolina, álcool e GNV

A Robert Bosch, pioneira no desenvolvimento da tecnologia que permite abastecer o carro com álcool, gasolina ou ambos misturados, em qualquer proporção, prepara-se para lançar, entre o fim deste ano e o início de 2004, um sistema que permitirá que o mesmo automóvel seja movido também a gás natural veicular (GNV).

Por meio de uma chave, o motorista poderá escolher entre dois sistemas: álcool e/ou gasolina ou gás. Este será mais um passo do desenvolvimento de sistemas multi combustíveis, que começou há poucos dias com o lançamento de modelos que rodam com álcool ou gasolina. E indica que os automóveis movidos com apenas um tipo de combustível estão com os dias contados no país.

O projeto do carro que roda com gasolina ou álcool está pronto há nove anos. Mas as montadoras só se interessaram em começar a fabricar modelos com esse sistema depois que convenceram o governo, no segundo semestre do ano passado, a cobrar nesse tipo de veículo Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) igual ao do carro a álcool – dois pontos percentuais abaixo do IPI do carro a gasolina.

Foi em meio à crise no abastecimento de álcool, no fim da década de 80, que um pequeno grupo de engenheiros da subsidiária brasileira da Robert Bosch teve a idéia que posteriormente patenteou como “Flex fuel” (combustível flexível).

“Pensamos numa saída para aproveitar a disponibilidade do álcool no Brasil sem espantar de novo o consumidor que já havia tido que deixar o carro a álcool em casa por falta de oferta do combustível”, conta Sidney Barbosa de Oliveira, gerente de desenvolvimento e aplicação de produto da Bosch e um dos “pais” do “Flex fuel”.

Inspirada no “flex fuel” já existente nos Estados Unidos – que adaptou carros a gasolina para receber álcool – a equipe da Bosch fez o contrário e adaptou o carro brasileiro a álcool para também receber gasolina.

Além dos sistema de gerenciamento do motor, foram feitas mudanças de geometria e tratamento das peças para evitar corrosões, que atrapalharam o Proálcool na década de 80.

Os engenheiros compraram um Omega no mercado, fizeram as adaptações e rodaram 165 mil quilômetros com o veículo. Em 2000, desmontaram o carro e perceberam que as peças estavam perfeitas. A partir daí, trabalharam no lançamento do primeiro protótipo, em 1991 e o sistema ficou pronto em 1994.

Além da Bosch, Magnetti Marelli e Delphi já estão nesse mercado, como fornecedoras das montadoras. Segundo Oliveira, as montadoras que chegaram ao país na década de 90 e que não tinham a tecnologia do motor a álcool já estão consultando os fabricantes do sistema.

Volkswagen e General Motors já lançaram os primeiros automóveis “flex fuel”. Fiat e Ford devem fazer o mesmo nos próximos dias e, na previsão da Volks, daqui três anos todos os carros produzidos para o país terão essa flexibilidade .

Mas o uso dos dois combustíveis no mesmo carro depende do preço do álcool, segundo o diretor de veículos leves da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Marco Saltini, que também coordena a área na Fiat. “O que vai mandar no desenvolvimento desse tipo de veículo é a disponibilidade do álcool e o seu valor”, destaca.

Segundo Saltini, o consumidor vai se interessar por esse carro ao perceber que não “ficará na mão” mesmo no caso de falta de algum dos dois combustíveis.

Se a aprovação do veículo pelas montadoras e pelo consumidor depende de política de impostos e de preços, a engenharia automotiva não parou de trabalhar no desenvolvimento de novos produtos.

A equipe da Bosch começou a preparar sistemas para evitar que o veículo que tem álcool no tanque precise de reservatório de gasolina à parte para a partida em ambientes frios. Ao mesmo tempo, trabalha-se também no motor multi combustível que poderá receber o sistema para andar a gás, preparado na própria linha de montagem.

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