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Monsanto quer impulsionar sorgo em etanol

A partir de quatro híbridos de sorgo sacarino, a multinacional Monsanto produziu para este ano sementes suficientes para cultivar uma área de 30 mil a 40 mil hectares, mas comercializou menos da metade desse volume. O resultado dos experimentos com o uso dessa planta na produção de etanol – iniciados há três anos – ainda está abaixo do nível considerado mínimo para justificar o cultivo em escala comercial. Mas a Monsanto quer acelerar esse processo.

A multinacional convidou a Case IH para desenvolver adaptações nas máquinas de cana para plantio e colheita de sorgo. A produtora de enzimas Novozymes se comprometeu a fornecer enzimas já desenvolvidas para otimizar a extração de açúcares do sorgo. Três grupos produtores de etanol – Raízen, Nova Fronteira Bioenergia (São Martinho / Petrobras Biocombustível) e CleÁlcool – vão abrigar campos demonstrativos para testar as tecnologias.

Batizado de “Desafio de Produtividade Sorgo Sacarino” o projeto tem a ambição de elevar a produtividade média da gramínea dos campos experimentais da casa dos 1,2 mil a 1,5 mil litros por hectare para 2,5 mil litros já na safra 2013/14, diz o líder de Negócios de Cana da Monsanto, José Carlos Carramate.

Carramate: Monsanto quer acelerar viabilidade do plantio comercial de sorgo

Um desafio e tanto, se considerar que em alguns projetos, a produtividade do sorgo foi de 900 litros de etanol por hectare, como ocorreu na Raízen, a maior empresa do setor sucroalcooleiro – resultado de uma joint venture entre a Cosan e a Shell. “Mas acreditamos no potencial do sorgo. Ano passado foi o primeiro de experimentos e tivemos atrasos que influenciaram nos resultados finais”, explica o diretor agrícola da Raízen, Cássio Manin Paggiaro. Duas usinas da empresa – Bom Retiro (SP) e Junqueira (SP) – abrigarão 20 hectares cada com sorgo sacarino e testarão as tecnologias de maquinário agrícola e de enzimas do projeto. A Raízen tem ainda outros 680 hectares cultivados com sorgo na região de Piracicaba independentes desse projeto.

As mesmas colheitadeiras de cana serão usadas nas áreas de sorgo, no entanto, com adaptações, diz Fábio Balaban, especialista em marketing de produto da Case IH. A ideia é acoplar às máquinas plataformas maiores para colher sorgo – de quatro linhas, que medem 2,80 metros, quase duas vezes maior do que a plataforma da colheitadeira convencional, que mede 1,50 metro. Com isso, espera-se uma maior eficiência na colheita. Balaban diz ainda que os motores terão potência reduzida durante o período de colheita do sorgo, para otimizar o uso da máquina e de combustíveis.

Essa é a primeira vez que a Novozymes entra em um projeto de sorgo. Até então, as enzimas da empresa vinham sendo demandadas no Brasil para projetos de pesquisa de etanol e químicos de segunda geração a partir de resíduos da cana. Diego Camloffski, gerente de contas de Bioenergia da Novozymes, diz que os primeiros testes com enzimas na conversão de amido do sorgo em açúcares para produção de etanol gerou um aumento da produtividade do biocombustível de 6%, além de minimizar a viscosidade gerada pelo amido no processo industrial.

Conforme estimativa da Embrapa, a área plantada com sorgo sacarino no Brasil em 2011/12 foi de 20 mil hectares e, em meados do ano passado, a empresa de pesquisa previa que essa área poderia atingir 100 mil hectares em 2012/13.

A Monsanto, que investe por ano de R$ 30 milhões a R$ 35 milhões na sua divisão de cana-de-açúcar, cuja marca é CanaVialis, acredita que o potencial do mercado de sorgo sacarino é de uma área de 1,3 milhão de hectares somente para produção de etanol. Trata-se de 15% de renovação anual de cana-de-açúcar.

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