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Monsanto investe em tecnologias voltadas ao setor canavieiro

A crescente demanda global por biocombustíveis transformou o mercado da cana-de-açúcar em um dos mais promissores do agronegócio mundial. Levantamento da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) coloca o Brasil como líder mundial na produção de cana, com uma participação de 34%, seguido por Índia (19%) e China (7%). Além disso, tanto a FAO quanto o Instituto de Pesquisas de Políticas Agrícolas e Alimentação (FAPRI) veem o consumo de açúcar crescendo mais rápido que a oferta, na próxima década.

Com o objetivo de diversificar seu atual portfólio e trazer inovações para a cultura canavieira, por meio de sua experiência no melhoramento genético de plantas e em biotecnologia, a Monsanto adquiriu, em dezembro, a Aly Participações Ltda., que controla as empresas de melhoramento genético e biotecnologia de cana-de-açúcar, CanaVialis S.A. e Alellyx S.A., ambas sediadas no Brasil e que integravam o Grupo Votorantim. O negócio foi fechado em US$ 290 milhões (R$ 616 milhões). “Temos agora a oportunidade de combinar a liderança do Brasil em cana-de-açúcar com a reconhecida expertise da Alellyx e CanaVialis em pesquisas na área, e a inovação da Monsanto em tecnologias de melhoramento de plantas”, diz André Dias, presidente da Monsanto no Brasil.

O fato de o Brasil ser o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, muito à frente do segundo colocado, a Índia, com apenas 7% das terras agricultáveis ocupadas por cana, potencializa ainda mais as perspectivas otimistas. “Temos condições de liderar uma revolução tecnológica global em cana e isso tornou-se possível por fazermos parte da Monsanto”, diz Ricardo Madureira, presidente da CanaVialis e Alellyx. “Há muito espaço para crescimento, principalmente em áreas de pastagens”, aponta o executivo.

Tecnologias de ponta

Excelência técnica, inovação tecnológica e uma cultura empresarial focada em resultados para o cliente fazem da CanaVialis a maior empresa privada de melhoramento de cana-de-açúcar do mundo. Fundada em março de 2003, a empresa tem como produto principal o melhoramento genético clássico, que consiste no cruzamento de duas plantas distintas com características desejáveis, seguidos de um criterioso processo de condução e seleção que são realizados inicialmente nos pólos regionais de tecnologia e finalizados na área do próprio cliente.

A CanaVialis desenvolveu, a partir do sequenciamento do genoma da cana-de-açúcar, dezenas de marcadores moleculares denominados ‘microssatélites’, os mesmos tipos utilizados em seres humanos e outros animais para testes de paternidade. Os melhores foram selecionados para formar o ‘Sistema de Genotipagem de Cana-de-Açúcar CanaVialis’. Para se ter uma idéia do que isso significa, com aproximadamente 10 marcadores é possível diferenciar todas as variedades de cana-de-açúcar existentes no mundo.

Já a Alellyx, com 140 profissionais em seu quadro, tornou-se o grande exemplo de que a ciência pode sair da universidade, gerar negócios e reconhecimento. Fundada em 2002 para, através da biotecnologia, melhorar produtos finais no mercado, ou seja, buscar genes importantes para a introdução em variedades comerciais, a Alellyx, apesar do pouco tempo de vida, já se tornou uma referência mundial em seu segmento. O início da história de sucesso da empresa começou com um grupo de cinco biólogos moleculares e bioinformatas envolvidos nos grupos de pesquisa que sequenciaram o genoma da bactéria Xylella fastidiosa, causadora da praga do amarelinho nos cítricos, bem como de outros organismos dentro de Projetos Genoma paulistas, brasileiros e internacionais.

Paralelamente às pesquisas com citrus, vieram as com eucalipto – ambas faziam parte dos negócios da Votorantim – e cana, que hoje é a responsável por 70% das pesquisas da empresa. “Somos um exemplo de que a ciência pode, sim, andar de mãos dadas com o empreendedorismo”, revela Ana Cláudia Rasera da Silva, uma das fundadoras da Alellyx e diretora de Operações e Planejamento.

Futuro promissor

A meta das duas empresas é de superação tecnológica. Em 2009, a CanaVialis prevê o lançamento de sua primeira variedade comercial, desenvolvida por melhoramento convencional: uma cana de ciclo precoce. Entre as pesquisas desenvolvidas pela Alellyx destacam-se as que tratam sobre o aumento da produtividade e da resistência à seca em cana-de-açúcar, o aumento da resistência a doenças em citrus e a melhoria da qualidade da madeira, no caso do eucalipto. “A Monsanto acredita no forte potencial dessas empresas formarem um centro de pesquisas mundial voltado à cana-de-açúcar”, afirma Leonardo Bastos, gerente de Novos Negócios da Monsanto.

Estar na plataforma de negócios da Monsanto e, portanto, usufruindo do banco de dados da empresa, muito admirada pelos pesquisadores, segundo Ricardo Madureira, deve acelerar os projetos desenvolvidos pela Alellyx. Outra aposta do executivo está na exportação de tecnologia, por conta da atuação mundial da Monsanto. “Queremos e vamos trabalhar para nos tornarmos a maior empresa de biotecnologia de cana-de-açúcar no mundo”, conclui.

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