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Moagem de cana nesta entressafra pode ser recorde

Se o clima ajudar, as usinas de cana-de-açúcar do Centro-Sul podem processar nesta entressafra de 2015/16 – entre janeiro e março – o maior volume da matéria-prima desde o ciclo 2009/10. Além de uma sobra maior de cana que não será processada até o fim deste mês de dezembro, as usinas com matéria-prima disponível têm neste ano uma motivação econômica maior para manter as máquinas ligadas no período: os preços do etanol nunca estiveram tão altos. São hoje 35% superiores aos de igual período de 2014.

Nas contas da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a moagem entre janeiro e março de 2016 tem potencial para atingir 25 milhões de toneladas. O último recorde para um trimestre foi alcançado no mesmo intervalo de 2010: 21 milhões de toneladas. Se forem processadas 25 milhões na entressafra, a moagem total da safra 2015/16, até 15 de dezembro em 581 milhões de toneladas, vai facilmente superar as 610 milhões de toneladas na região.

O clima, no entanto, ainda sob o efeito do fenômeno El Niño, tende a ser chuvoso. “Janelas” favoráveis à colheita estão previstas para a primeira quinzena de janeiro e de março. “Os preços do etanol estão convidativos. Mas o volume de chuvas no primeiro trimestre do ano será decisivo”, disse o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.

Nos cálculos da entidade, neste ciclo 2015/16, um volume de 40 milhões de toneladas de cana, que não serão processadas até o fim deste mês de dezembro, deve ficar no campo no Centro-Sul. A chamada “cana bisada” vai ser predominante nos Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, segundo a Unica. O que não for processado até 31 de março seguirá para moagem na nova safra, a 2016/17, que começa em abril.

Essa “sobra” se deve ao clima extremamente chuvoso da última primavera, especialmente no mês de novembro, segundo o meteorologista da Somar Meteorologia, Tiago Robles. Ele observou que o primeiro trimestre do ano ainda estará sob o efeito do El Niño, com ocorrência de chuvas acima da média e algumas “janelas” de sol, que podem ser aproveitadas para colheita de cana, sobretudo no Estado de São Paulo. No Paraná e em Mato Grosso do Sul, onde também houve sobra de cana, o clima tende a permanecer mais úmido, disse.

Em janeiro, por exemplo, segundo ele, a tendência é de uma primeira quinzena mais ensolarada, com pancadas de chuvas no fim da tarde, e o retorno de precipitações mais intensas somente na segunda metade do mês. Em Presidente Prudente (SP), uma das regiões onde há mais sobra de cana, a previsão é de 180 milímetros (mm) de chuva em janeiro, abaixo da média histórica para o mês, de 227 mm. De acordo com o meteorologista, essa tendência se estende a todo o interior de São Paulo, inclusive Jaú e Araçatuba, outras duas regiões onde há cana bisada.

Já em Maringá (PR), o mês de janeiro será mais chuvoso, com previsão de 200 mm a 230 mm, ante a média histórica de 150 mm, conforme a Somar. Em Dourados (MS), a condição é semelhante, com 195 mm previstos, para uma média mensal de 135 mm. “As regiões canavieiras de Mato Grosso do Sul e do Paraná terão clima semelhante, com chuvas acima da média e alguma trégua na primeira quinzena do mês”, disse. Em fevereiro, a previsão também é de chuvas dentro da média nas zonas canavieiras de São Paulo, e acima da média nas de Mato Grosso do Sul e do Paraná.

A moagem tende a retornar com mais ímpeto em março, já como início “informal” da nova safra, a 2016/17, que oficialmente começa em abril. Nas previsões da Somar, o período mais propício à colheita tende a ser a primeira metade do mês. Na segunda, as chuvas voltam.

fonte: (Valor)

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