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Ministro de Angola conhece experiência brasileira com o etanol

O ministro do Urbanismo e Ambiente de Angola, Diekumpuna Sita José, cumpriu agenda de visitas em 25 de julho, quarta-feira, no Estado de São Paulo, para conhecer iniciativas brasileiras na área de desenvolvimento sustentável. No período da manhã, ele esteve no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Em seguida, visitou a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/ USP), localizada em Ribeirão Preto, onde o pesquisador do Pensa (Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial, da USP), Marco Antônio Conejero apresentou a palestra “Uma fronteira para o biocombustível sustentável”.

Entre outros assuntos, Conejero abordou a experiência do Brasil com o etanol de cana-de-açúcar, mostrando como ocorreu a evolução, neste segmento, após 30 anos de Proálcool. Segundo o pesquisador, o álcool é um combustível socialmente justo (2000 empregos diretos a cada 1 milhão de toneladas de cana processada), economicamente importante (PIB da cana: US$ 68 bilhões) e ambientalmente correto, com bom balanço energético. “No caso do álcool produzido com a cana-de-açúcar, a produção é de 8 unidades de energia renovável para o consumo de 1 unidade de energia fóssil. Para o milho, essa proporção é de 2 para 1, muito menos eficiente”, comparou.

A palestra colocou novamente em pauta a polêmica em torno da possível escassez de alimento devido à fabricação de combustíveis. Em relação a isto, Conejero comentou que o Brasil tem 100 milhões de hectares para exploração, sem contar a Amazônia e Pantanal. E quanto a essas áreas de preservação permanente, ele destacou estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que mostra a inaptidão do microclima amazônico para produção de cana, pois possui solos pobres e alta precipitação. Em relação às queimadas, Conejero falou que o Brasil deve seguir o exemplo do Estado de São Paulo, onde o governo estadual e a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) assinaram um acordo que antecipa a proibição desta prática. “Não podemos vender um produto verde produzido de maneira insustentável. Com o aquecimento global, o agronegócio da cana deve dar a sua colaboração para a redução de emissões de gases de efeito estufa”, ressaltou.

O pesquisador do Pensa abordou ainda as possibilidades de cooperação entre Brasil e Angola nessa área. De acordo com Conejero, com a participação das universidades, empresas privadas e ministérios de ambos os países, Angola poderá ser o principal produtor de álcool combustível na África nos próximos 10 anos. “Eles têm terras, sol e a quantidade de água necessária para cultivo da cana irrigada”, afirmou. Segundo Conejero, agora basta engajamento do setor privado internacional, porque em termos de vontade política a vinda do ministro ao Brasil já revelou disposição. “A Universidade de São Paulo, por sua vez, está fazendo o seu papel na transferência do conhecimento”, observou.

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