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Ministra da Agricultura propõe discussão sobre projeto que acaba com desconto de energia para produtores


				Tereza Cristina dá entrevista na chegada à Paraíba, no terceiro dia de viagem ao Nordeste (Foto: Divulgação/Mapa)
Tereza Cristina dá entrevista na chegada à Paraíba, no terceiro dia de viagem ao Nordeste (Foto: Divulgação/Mapa)
Tereza Cristina dá entrevista na chegada à Paraíba, no terceiro dia de viagem ao Nordeste (Foto: Divulgação/Mapa)

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, defende que o Congresso Nacional discuta decreto de 28/12/2018, do então presidente Michel Temer, que acaba com descontos para produtores rurais no pagamento das contas de energia elétrica.

Em entrevista no sábado (16/02) durante visita à Usina Japungu, em Santa Rita, na Paraíba, a ministra afirmou ter ouvido queixas do setor produtivo em relação ao decreto que encerra os descontos. Segundo ela, tanto os pequenos produtores quanto os grandes reclamaram de altos custos da energia, nos quatro estados por onde a ministra passou: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.

A titular do Mapa relatou na entrevista ter sido convidada a debater o assunto nesta semana com a liderança do governo na Câmara dos Deputados, onde ela soube que já está havendo uma mobilização contra o fim dos descontos na conta de luz.

“O decreto vai contra tudo o que estamos discutindo com o setor produtivo”, disse a ministra aos produtores da Paraíba. Ela explicou, no entanto, que os parlamentares terão de tratar da questão diretamente com a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, a quem cabe dar a palavra final sobre o tema.

Como é o decreto

O decreto de Michel Temer determinou a redução dos descontos para produtores rurais em 20% ao ano, até chegar a zero daqui a cinco anos. Atualmente o setor produtivo tem uma redução nas tarifas que varia de 10% a 30%.

Os agricultores argumentam que os altos preços da energia impactam muito o custo da produção. A ministra ouviu reclamações em todas as reuniões, tanto dos pequenos agricultores que plantam acerola orgânica no projeto Tabuleiros Litorâneos, em Parnaíba, no Piauí, por exemplo, quanto dos produtores do setor de açúcar e álcool da Paraíba.

Na reunião com o setor, Tereza Cristina defendeu também que o Ministério da Agricultura tenha um programa nacional de irrigação para o campo, de forma a tentar melhorar o abastecimento de água para os produtores do Nordeste. Hoje, os programas de irrigação estão vinculados ao Ministério do Desenvolvimento Regional.

Ela também defendeu o projeto RenovaBio, a política para biocombustíveis que está sendo implementada no Brasil, e disse que vai estudar como fazer a cultura do algodão voltar a crescer novamente no Nordeste.

Política de fomento

Um dos objetivos, segundo Tereza Cristina é unificar as ações voltadas para a irrigação, atualmente dispersas em diferentes órgãos do governo. “Precisamos ter uma política de fomento da irrigação”, defendeu. A ministra disse estar entusiasmada com “inciativas exitosas” que conheceu na região, nesses dias. E argumentou que a água precisa ser destinada à produção, para torná-la eficiente e competitiva e proporcionar qualidade de vida aos nordestinos.

“Para ocupar o potencial que o Brasil tem de crescimento no cenário internacional, precisamos ser mais agressivos e competitivos”, afirmou. Acompanhada do presidente da Embrapa, Sebastião Barbosa, disse que o conhecimento, a tecnologia, precisam sair das academias e chegar ao campo. “Vamos deixar a vaidade de lado, trabalhar para democratizar o acesso à ciência”. Como ministra, destacou que quer dar sua contribuição para que isso aconteça.

Projetos de sucesso

“Conhecia o Nordeste como turista, mas agora é a trabalho”, declarou. Tereza Cristina disse que percorrerá no fim de março estados da região Nordeste não contemplados na atual viagem, para elaborar uma política a ser lançada até junho para o semiárido e para toda a região, o que será feito conjuntamente com outros ministros.

“Conheci muitos projetos de sucesso que podem ser replicados e outros que precisam de apoio para deslanchar. É disso que vamos tratar em Brasília, com colegas, como o Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional), porque água é um assunto importante aqui e isso é com ele”.

Usina Japungu

A usina Japungu, de Santa Rita (PB), é conhecida por utilizar a irrigação por gotejamento subterrâneo no cultivo da cana-de-açúcar. Com o uso desse sistema israelense, a propriedade passou a ter produtividade média de 111 toneladas de cana por hectare (TCH), nos 3.550 hectares onde funcionam as canalizações de água. No restante da área cultivada com cana, sem o gotejamento, o rendimento médio é de 43 toneladas por hectare.

“A diferença de 68 TCH impressiona e faz com que a cada ano a expansão das canalizações seja da ordem de 800 hectares”, explica o responsável pelo sistema de irrigação, Alexandre Guerra.

O método consiste em uma rede de mangueiras enterrada no solo. A cada 50 centímetros, gotejadores liberam a água já com doses de adubo. A durabilidade da rede é de 15 anos. Gastar 40% menos de água e 30% menos de energia, além de ampliar a produtividade, é uma das vantagens desse método de irrigação.

A matriz da empresa destina 60% da cana cultivada para a fabricação de álcool e os outros 40% são transformados em açúcar. A proporção é explicada pelo recuo dos preços do açúcar ocorrido no mercado internacional. A Japungu tem índice alto de mecanização, mas, mesmo assim, emprega 3 mil funcionários, número que aumenta na época de safra. 

(Com informações da assessoria de imprensa do Mapa)

Confira a seguir imagens da visita da ministra produzidas pela equipe do JornalCana: