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Minc não consegue liberação de R$ 1 bi do setor ambiental

O novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pediu mas não conseguiu arrancar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a liberação de cerca de R$ 1 bilhão do setor ambiental que estão contingenciados sem uso do Exército nas reservas da Amazônia. Lula disse que pensará em como liberar o dinheiro progressivamente e, para o lugar das Forças Armadas, sugeriu a Minc que seja pensada a criação de uma Guarda Nacional Ambiental, semelhante à Força Nacional de Segurança, que já existe.

O dinheiro reivindicado por Carlos Minc é proveniente dos royalties do uso da água por hidrelétricas e empresas de saneamento, além do setor do petróleo. Normalmente, cerca de R$ 100 milhões são destinados ao Ministério e os outros R$ 900 milhões ajudam a cumprir a meta de superávit primário do governo. “Não sei quando e quanto sairá. Mas o presidente disse que o dinheiro sairá”, afirmou ele.

Da reunião que em que Lula confirmou Minc no lugar da senadora Marina Silva, participou também a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ficou acertado que a posse de Minc será no dia 27, terça-feira, 27. Ele pediu a Lula uma semana de prazo para mudar-se para Brasília. O presidente aceitou. Minc propôs ainda a Lula um Plano Decenal de Saneamento, na tentativa de elevar dos atuais 35% para 75% as residências atendidas por saneamento básico. “O presidente e, principalmente a ministra Dilma, gostaram muito da idéia”, disse o ministro, logo depois da reunião no Palácio do Planalto.

O futuro ministro do Meio Ambiente disse, durante entrevista na semana passada, em Paris, que não tinha planos para o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, nomeado pelo presidente Lula o gestor do Plano Amazônia Sustentável (PAS), um dos motivos que levaram a ministra Marina Silva a se demitir. De acordo com Minc, o presidente Lula disse que chamou Mangabeira para o cargo porque “ele é um estrategista, um pensador a longo prazo”. Em outras palavras, Lula manteve Mangabeira no cargo. Minc acabou concordando. Segundo ele, no dia 30 haverá uma reunião de Mangabeira com os governadores. “Aí, ele poderá expor suas idéias para a Amazônia”, afirmou.

Minc disse que levou quase uma dezena de sugestões ao presidente Lula e que todas foram muito bem aceitas. Entre elas, o compromisso de que será mantida a resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN), de veto, a partir de julho, à liberação de crédito oficial para quem estiver envolvido em crime ambiental. Havia um temor de que esse resolução fosse revogada, devido à forte pressão de fazendeiros e de governadores da Amazônia. “Foi muito importante a decisão de manter a resolução do CMN porque havia a impressão de que, com a saída da ministra Marina Silva, pudesse ocorrer uma descontinuidade das ações do ministério. Não haverá”, disse o novo ministro.

Ele anunciou ainda que propôs ao presidente Lula e à ministra Dilma Rousseff a criação de um Centro Integrado de Combate aos Crimes Ambientais, com banco de dados e disque-denúncia. “O crime ambiental será reprimido”, disse. E ameaçou: “Tremei, poluidores, tremei. Vai todo mundo para a cadeia. E terão de plantar muitas árvores. Serei intolerante com o crime ambiental”, acrescentou ele. Disse que o presidente Lula ficou muito entusiasmado com suas idéias para o setor. “Ele falou: Minc, você pode faze tudo, só não pode não ter idéias”.

O novo ministro adiantou que aproveitará boa parte da equipe de secretários de Marina Silva, com a qual almoçou ontem. Marina pediu a Deus que ajude Minc a fazer uma boa administração. O novo ministro disse ainda que sua secretária-executiva será Izabella Teixeira, bióloga, atual subsecretária de Política e Planejamento do Ambiente do Rio de Janeiro.

A passagem de Carlos Minc por Brasília, na segunda-feira, 19, teve um pouco de show. Ele próprio disse que é performático e que continuará sendo, mesmo nas reuniões na mesa oval do presidente Lula. Sobre sua atuação futura, resumiu numa frase: “Não vou virar vidraça nem me enforcar na gravata”. Ao contrário de outros freqüentadores do Planalto, ele não usou paletó. Pôs a gravata sob um colete de seda na cor cerâmica.

Em menos de sete horas, ele concedeu seis entrevistas coletivas. Não poupou Brasília, cidade na qual nunca residiria. “Brasília, às vezes, é chata”, disse ele, ao chegar ao Palácio do Planalto. Em seguida, dando mostras de que nunca tinha visitado o Planalto, pediu aos repórteres que o ajudassem. “Por favor, me ajudem a encontrar o caminho”, apelou. E, na quarta despedida dos repórteres, em sua meia dúzia de entrevistas, usou um bordão verde: “Saudações ecológicas e libertárias”.

Minc não quis arrumar polêmica com seus colega de Minas e Energia, Edison Lobão, que pediu pressa na licença ambiental da Usina de Jirau, no Rio Madeira, leiloada ontem. Ao saber que Lobão havia pedido rapidez na concessão de licenças, preferiu ficar lado. Embora se gabe de ser um tagarela.

Carlos Minc defendeu a ampliação da área de proteção ambiental da Mata Atlântica, destacando tratar-se do segundo maior bioma do mundo mais ameaçado. Anunciou que viajará à Alemanha, no próximo dia 29, em busca de recursos para ampliar a defesa ambiental da Amazônia e da Mata Atlântica.

Minc rebateu ainda editorial do jornal norte-americano New York Times, que defendeu que os países desenvolvidos sejam consultados sobre a proteção ambiental da Amazônia. Para o ministro, “os brasileiros também deveriam ser consultados sobre o patrimônio ameaçado dos Estados Unidos”, ironizou. Afirmou ainda que Paris e Nova York são patrimônios do mundo e, do mesmo modo, o mundo todo deveria dar palpites a respeito das duas cidades.

Minc disse ter pregado na França que as empresas de lá devem se comportar, nos países emergentes, da mesma forma que se comportam na França no que diz respeito à proteção ambiental, postura que deve ser a mesma, segundo ele, de todas as grandes empresas multinacionais.

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