Etanol de milho: até quando as usinas de cana podem ignorar essa mudança no mercado?

Etanol de milho: assunto que deixou de ser secundário. Em entrrevista ao JornalCana 360, o CEO da Pró-Usinas, Josias Messias, é categórico: “não dá mais pra tratar etanol de milho como assunto secundário”. A afirmação vem amparada por uma pesquisa inédita realizada pelo JornalCana com executivos C-level de usinas de cana-de-açúcar.

O levantamento revela uma guinada estratégica do setor:

  • 22% já têm interesse direto no etanol de milho
  • 13% avaliam impactos no negócio
  • 20% mantêm estudos em andamento
  • 7% têm projetos estruturados

Somando tudo, 63% das usinas já estão olhando seriamente para este mercado — um número que, segundo Josias, mostra maturidade e urgência estratégica. “É o assunto do momento, inclusive para usinas 100% de cana”, reforça.

O que explica o avanço acelerado de algumas usinas?

A pesquisa identificou um grupo que já produz etanol de milho ou expande operações, como Cerradinho Bioenergia, Coperval, e Rio Verde.
Mas o que diferencia esses players?

  • As plantas flex se destacam — 80% delas já têm expansão em andamento.
  • A lógica do negócio exige mentalidade de trading, não apenas industrial.
  • O modelo é competitivo porque combina capex menor, opex reduzido e forte flexibilidade operacional.

Exemplos como Neomille (Cerradinho Bio) e Inpasa mostram empresas que não trataram o etanol de milho apenas como industrialização, mas como uma estratégia integrada: logística própria, compra de vagões, parcerias com ferrovias e inteligência comercial para DDG, DDGS e óleo de milho.

“Esse é o diferencial. São empresas que enxergam o negócio como um todo e capitalizam nisso. É por isso que estão crescendo acima da média”, afirma Josias.

BioMilho Brasil 2026

A pesquisa motivou o JornalCana a promover o BioMilho Brasil 2026, que abre o calendário de eventos do jornal em 2026. Previsto para o dia 26 de fevereiro, em Ribeirão Preto (SP).

Mas não será um evento comum.

Josias descreve como uma imersão — um ambiente fechado, direto, prático, voltado para:

  • C-levels de usinas de cana
  • Gestores de cooperativas agroindustriais
  • Executivos de plantas flex e full

O foco não será falar de tendências ou políticas públicas.
Será benchmarking real, com quem já faz, quem conhece o caminho das pedras, quem tem números e aprendizados concretos para compartilhar.

“É ali, no networking, na troca franca de informações, que surgem as respostas que não aparecem publicamente”, afirma.

Sinergias que já existem

O movimento crescente também envolve cooperativas e integrações inéditas. Um exemplo:
a Inpasa é hoje a maior consumidora de biomassa fornecida pela Rio Amambai, que não exporta energia e vende seu bagaço para a produtora de etanol de milho, explica Josias.

São sinergias como essa que o BioMilho Brasil pretende destravar entre usinas de cana, plantas flex, plantas full e cooperativas.

Inscrições abertas

O evento já está com inscrições abertas no site:
www.biomilho.com.br

Joacir Gonçalves

Repórter

Jornalista profissional com mais de 35 anos de experiência

Jornalista profissional com mais de 35 anos de experiência