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México reafirma interesse no Mercosul

Em visita a Brasília, chanceler mexicano também falou sobre a reforma da ONU, com Amorim. O chanceler mexicano, Luis Ernesto Derbez, afirmou ontem que o México tem interesse em levar adiante as negociações para se associar ao Mercosul. Apesar de ponderar que as condições para que o México e o Mercosul assinem um tratado de livre comércio deverão ser criadas de forma paulatina, Derbez afirmou que o governo de Vincent Fox recolocou a América Latina entre as prioridades da política externa mexicana. Mas os planos de Brasil e México são mais amplos: unir os processos de integração dos países da América do Sul e da América Central e Caribe, que atualmente caminham de forma paralela.

“Com a integração latino-americana, seremos mais competitivos como país e região frente à competitividade de terceiras nações no mercado mais importante do continente, que é o Estados Unidos” disse Derbez em referência à China e À Índia.

O ministro brasileiro considerou positiva a “atitude mexicana de procurar reequilibrar sua inserção no mundo e no hemisfério”, olhando para o Sul. “Nada nos daria mais gosto do que o Brasil participar do projeto meso-americano energético, que se beneficiaria fortemente da capacidade técnica da Petrobras. E nada nos interessaria mais do que a experiência brasileira no uso de fontes alternativas de energia, como o etanol” disse o chanceler mexicano.

Ainda acerca de temas referentes à economia, os ministros elogiaram os resultados do G-20 nas negociações para a liberalização comercial realizadas na Organização Mundial do Comércio (OMC). Para Derbez, a criação do G-20 permitiu a busca de soluções para um tema que preocupa tanto o Brasil como o México, que é o subsídio concedido pelos países ricos aos seus agricultores.

Amorim e Derbez conversaram também sobre o estreitamento da cooperação bilateral nas áreas de energia, meio ambiente, pesquisas científicas, cultura, direitos humanos e desarmamento. Para aumentar o diálogo nesses temas, os chanceleres agendaram para março ou abril do ano que vem a primeira reunião da comissão bilateral criada pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Vincent Fox. O objetivo dessa comissão é tratar de assuntos institucionais, até porque em julho e outubro ocorrerão eleições presidenciais no México e no Brasil, respectivamente.

Se no âmbito econômico os dois chanceleres demonstraram que México e Brasil estão afinados para enfrentar os desafios das agendas multilateral e bilateral, no político os dois países ainda vêem de maneira diferente a reforma da Organização das Nações Unidas (ONU). Uma das metas do governo Lula é a conquista de uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da instituição. Já o México defende que a expansão do conselho se dê por meio da criação de vagas a serem preenchidas por representantes de cada região do mundo. Segundo Derbez, essa fórmula reduziria a possibilidade dos novos integrantes sofrerem pressões dos demais Estados que compõem o conselho.

“A posição mexicana é de que o Conselho de Segurança tenha assentos pertencentes à região, e não a um país em particular. Se esta for a reforma aprovada, o México não teria nenhum problema de que o Brasil ocupe essa posição a base de reeleições contínuas. Não é uma condição ao Brasil, mas à reforma” afirmou o chanceler mexicano.

Em resposta, Amorim disse compreender a “preocupação do México”. O ministro brasileiro destacou que as diferenças entre as visões brasileiras e mexicanas sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU são sutis. E garantiu que, se o Brasil for um dos países escolhidos para passar a integrar o órgão, o governo brasileiro estaria disposto a criar mecanismos de consulta para receber opiniões e ouvir as sugestões dos demais países da América Latina.

O chanceler brasileiro ponderou ao seu colega mexicano que a diferença entre a opinião do governo Lula e da administração Fox é que o Brasil trabalha com os conceitos atuais da Carta da ONU, que criou uma organização de “nações unidas, e não de regiões unidas”. Amorim disse que o Brasil não veria problemas em “transitar para um outro conceito”. Acha até que o mundo tenderá a adotá-lo, mas isso levará algum tempo.

“Não podemos condicionar a reforma das Nações Unidas, que é urgente, a que a Europa e a Ásia passem a ver também suas representações como regionais. Se o Brasil for escolhido membro permanente, eu não vou fazer questão de vir com uma plaquinha dizendo estou aqui a título nacional ou estou aqui a título regional”, disse Celso Amorim.

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