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Mercosul negocia acordo com Índia

Os países do Mercosul, da Índia e do Sacu — união aduaneira que reúne África do Sul, Botsuana, Namíbia, Lesoto e Suazilândia — estão negociando um acordo de livre comércio que, nas estimativas do ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, poderá levar a um fluxo de exportações e importações de até US$ 15 bilhões. Seria um aprofundamento dos acordos de preferência tarifária já existentes entre esses países desde o fim de 2004.

O Mercosul, por iniciativa da atual presidência argentina do bloco, vai propor um grupo de trabalho para discutir os termos do acordo. Amorim destacou que, hoje, somados o volume de comércio entre Brasil e África do Sul e entre Brasil e Índia, chega-se a US$ 4 bilhões. Esse montante não considera os parceiros brasileiros do Mercosul e os demais sócios do Sacu. E, também, não leva em conta o comércio entre Índia e África do Sul.

— Por isso, não é difícil sonhar, em poucos anos, com um comércio de US$ 14 bilhões ou US$ 15 bilhões (no âmbito trilateral) — afirmou Amorim.

Índia quer dobrar comércio com Brasil e África do Sul

O ministro participou ontem, no Rio, da III Reunião da Comissão Mista Trilateral do Fórum Índia, Brasil, África do Sul (Ibas). Na reunião, foi acertada uma cúpula de chefes de Estado e de governo dos três países, que será realizada em Brasília em setembro.

Amorim ressaltou que o comércio entre essas “três grandes democracias do Sul” é formado hoje por produtos de alto valor agregado, como fármacos e componentes de tecnologia da informação da Índia e aviões do Brasil. Além disso, o governo brasileiro tem um programa de cooperação na área de defesa com a África do Sul.

— O acordo será uma grande âncora para o comércio Sul-Sul e vai fortalecer nossa posição negociadora nos organismos multilaterais — disse Amorim.

O ministro-adjunto de Negócios Estrangeiros da Índia, Anand Sharma, disse que seu país tem como objetivo dobrar o comércio com Brasil e África do Sul, dos atuais US$ 6 bilhões para US$ 12 bilhões, até abril de 2008. Sharma lembrou que a economia indiana cresce cerca de 8% ao ano e, por isso, está particularmente interessada em projetos de cooperação e no comércio com Brasil e África do Sul de energias renováveis, como o etanol brasileiro.

No comunicado final da reunião ministerial, os três países mostraram preocupação com uma legislação adotada recentemente pela União Européia (UE) para o registro de produtos químicos. Segundo a ministra de Negócios Estrangeiros da África do Sul, Nkosazana Zuma, essa legislação exige o registro de pelo menos 30 mil produtos químicos e representará um custo de cerca de 9,2 bilhões para os países em desenvolvimento. Na prática, na avaliação da ministra, poderá se tornar mais uma barreira para o comércio.

Amorim se comprometeu a entregar o comunicado final da reunião ministerial do Ibas ao Comissário da UE para Comércio, Peter Mandelson, que chegou ao Rio ontem, dando destaque ao capítulo que trata da legislação européia sobre produtos químicos.

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