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Wobben amplia fábrica e projeta duplicar faturamento

Empresa Paulista pretende encerrar o ano com crescimento de 122% e espera novos contratos. A Wobben Windpower Indústria e Comércio, fabricante de componentes e de aerogeradores completos para usinas eólicas, pretende encerrar o ano com faturamento na ordem de R$ 200 milhões, representando um crescimento de 122% se comparado com o ano anterior que foi de R$ 90 milhões.

As exportações de componentes para a Alemanha, que ano passado representa 90% da receita, deve ficar estrategicamente em cerca um terço da receita atual. A empresa tem em carteira 300 MW contratados, para entrega no mercado nacional até dezembro de 2006.

“A prioridade é o Brasil. Vamos atender ao Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, Proinfa, e clientes com novos projetos no País”, diz o diretor-presidente Pedro Angelo Vial.

Ele espera garantir até 2008, cerca de 300 MW/ano em contratos com os estados do Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Ceará.

A companhia, que também projeta, instala, opera e presta serviços de assistência técnica para usinas eólicas, inaugura nesta sexta-feira, mais uma etapa na área do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, a cerca de 50 quilômetros de Fortaleza. No local, iniciou em 2002, a fabricação de pás para aerogeradores, voltados para exportação, pois o mercado interno “ainda era insipiente”.

Produção de torre

Essa segunda fase contempla a produção de torres de concreto de 75 metros de altura para máquinas E-48/800 kW, envolve recursos de US$ 5 milhões, e cria condições para fabricação de componentes para 5 aerogeradores por semana, até o final do ano. As duas fábricas do Ceará e as 3 usinas eólicas em operação no Estado – Taíba (5 MW de capacidade instalada), Prainha (10 MW) e Mucuripe (2,4 MW), produção adquirida pela Companhia Energética do Ceará (Coelce) – representam investimentos globais da ordem de US$ 38 milhões. A soma contempla também o treinamento da equipe na Alemanha. Até hoje, a companhia investiu cerca de US$ 80 milhões, no País, entre as fábricas, importação de insumos e máquinas, treinamento de pessoal – deverá fecha o ano com 900 empregos diretos gerados.

A estratégia de negócios conduzida por Vial, que comanda ainda fábricas em Sorocaba (SP), sede da Wobben, e Gravataí (RS), inclui a participação em concorrências no Brasil e Argentina. Caso da proposta pela Petrobras, que pretende iniciar no próximo ano a construção de parque eólico de até 4,5 MW, no Rio Grande do Sul. A estatal já tem uma usina eólica em Macau (RN), de 1,8 MW, anterior ao Proinfa, que utiliza equipamentos da Wobben, empresa controlada pela alemã Enercon, GmbH, baseada em Aurich, e uma das líderes no mercado mundial de conversores para energia eólica. Por determinação da controladora, todo lucro da Wobben é reinvestido no Brasil. “Não pagamos royalties pela tecnologia”, afirma Vial.

As máquinas da companhia equipam sete usinas no País, anteriores ao programa de fontes de energias alternativas do governo federal, com capacidade de geração de 29,5 MW, no total. Na semana passada, em Horizonte (SC), a Wobben completou a instalação da décima quinta máquina – geradores E-40/600 – na Central Nacional de Energia Eólica (Cenaeel), com capacidade para 9 MW, que deverá ser comissionada em 2006, conforme o acordado com a Eletrobrás.

Segundo Vial, a usina bancada por investidor privado de São Paulo, é a primeira efetivamente instalada no âmbito do Proinfa, considerando todas as alternativas – Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), eólica e biomassa. O cliente já tem outra usina na região com 8 máquinas. “Deveremos entregar ainda até dezembro 15 aerogeradores, que corresponde a 12 MW, dentro de um projeto global de 49,3 MW, para a usina de Rio do Fogo, da Enerbrasil/Iberdrola, no Rio Grande do Norte”, diz.

Na Argentina, a usina da municipalidade Pico Truncado, na Província de Santa Cruz, Patagônia, foi duplicada para 2,4 MW, neste início de ano. “O atendimento desse mercado faz parte dos planos, mas sem prejuízo a projetos no Brasil”, diz Vial, que há cerca de 10 anos comanda a subsidiária da Enercon no País. O executivo anuncia ainda a participação de concorrência para 60 MW de outra usina na Patagônia, prevista para início de 2006.

Planos de ampliação

A Wobben ocupa global de 100 mil m², no Pecém, sendo 12 mil m² construídos, área que abriga os setores administrativo e de produção (fabrica os modelos E-40/600 kW e-48/800 kW). “Planejamos ainda uma terceira fase, que depende do andamento das encomendas do Proinfa, envolvendo a montagem dos aero-geradores, feita hoje apenas em Sorocaba”, adianta.

A fábrica de turbinas eólicas no Estado poderia ser construída num prazo de quatro meses, a de pás levou quatro meses 15 dias e a de torres 70 dias, entre obras e entrada em operação.

Para as encomendas atuais e potenciais futuras, a combinação Sorocaba, Pecém e a nova fábrica de torres de concreto de Gravataí, garantem a Wobben Windpower, que é a única fabricante de aerogeradores de grande porte na América do Sul, capacidade da ordem de 300 MW/ano, trabalhando em dois turnos, 5 dias por semana, informa o diretor-presidente. Conforme o executivo, com a mesma instalação e pouco investimento adicional poderia chegar a até 500 MW/ano, abrindo um terceiro turno, desde que os pedidos justifiquem.

Em Sorocaba, a companhia produz aerogeradores completos e diversos modelos de pás, inclusive a família E-70, de 35 metros, de 2000 kW, garantindo um conjunto gerador por dia. Na unidade gaúcha, em parceria com a Woetcke, fábrica de torres de concreto de 98 metros de altura. “Estamos trabalhando para garantir um bom volume para 2007 e 2008”, diz o diretor-presidente, que já tem contratos acertados com Ceará e negocia com clientes de outros estados.

kicker: A companhia investiu cerca de US$ 80 milhões, no País, entre importação de insumos e máquinas e ainda treinamento de pessoal