Demissionário, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin, garantiu ontem que sua saída não representa mudança de rumos na condução na política do governo para o setor. A política agrícola está consolidada.
Não haverá mudanças, afirmou. Os pilares do apoio governamental à produção, que são a garantia de preços mínimos e crédito rural, permanecerão os mesmos, garantiu. Não existe a possibilidade de se mexer nessa estrutura. Não haverá retrocesso. Seria loucura mudar essa política, completou.
Apesar de o secretário classificar como loucura uma mudança na política agrícola, ao que tudo indica o governo resolveu levar adiante uma proposta que tem assustado os produtores rurais: a revisão dos índices de produtividade da terra para fins de reforma agrária. À frente do ministério, o ex-ministro Roberto Rodrigues conseguiu impedir que a discussão ganhasse força. O temor dos produtores é que sob o comando de Luís Carlos Guedes Pinto a pasta não tenha força para suspender o debate.
Wedekin, que era uma espécie de braço direito do ex-ministro Rodrigues e chegou a ser cotado para substitui-lo, pediu demissão do cargo na quarta-feira ao ministro Guedes Pinto. O ministro escolheu Edilson Guimarães para substituir Wedekin, que fica na secretaria até terça-feira. O novo secretário não participou da coletiva. Não quisemos misturar as estações, disse o secretário.
Depois da saída, ele vai tirar um mês de férias. Nesse período, vai concluir um livro de poemas. Em seguida, além de sondar interessados em publicar sua obra, vai procurar emprego na iniciativa privada. O nome do livro já foi escolhido: Árvore de fogo.
Wedekin negou qualquer desavença com o novo ministro. Fiz o que pôde ser feito; preciso cuidar da minha vida e quero fazer isso de modo ético. Na entrevista, ele enumerou as realizações da secretaria e disse que as medidas estruturais que visam reduzir o custo da atividade agrícola ainda estão sendo avaliadas. O show deve continuar, afirmou.
Rodrigues era o grande defensor dessas medidas dentro do governo. A minha saída não deixa uma agenda interrompida. Se estivéssemos no meio de um tiroteio enorme, eu não sairia, disse. Mas ele salientou que falta ao governo consolidar as medidas de apoio ao setor rural, abrir novos mecanismos de apoio à produção agrícola e investir em infra-estrutura.