As vendas de etanol hidratado das usinas às distribuidoras de combustíveis que atuam no país voltaram a subir em julho e alcançaram o terceiro maior volume da história para o mês. Conforme dados divulgados ontem pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), foram comercializados 1,7 bilhão de litros do produto (mercados interno e externo), 50% acima do registrado em igual mês do ano passado e 6% mais que em junho deste ano.
O maior volume de etanol hidratado já vendido em um mês de julho foi em 2009 (1,883 bilhão de litros), seguido por julho de 2010 (1,714 bilhão de litros), conforme levantamento feito pela Unica.
Essas vendas aquecidas são reflexo do comportamento da demanda na ponta da cadeia – ou seja, nos postos de combustíveis. De abril a julho, o volume acumulado vendido às distribuidoras chegou a 6,2 bilhões de litros, 43% mais que em igual intervalo do ano passado.
Essa maior demanda, por sua vez, espelha os preços mais competitivos do etanol hidratado frente à gasolina. Essa vantagem prevalece em seis Estados, entre os quais, os principais produtores do biocombustível, tais como São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Essa vantagem econômica existe quando o preço do hidratado equivale a menos de 70% do preço médio da gasolina.
Conforme dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) divulgados também ontem, entre 2 e 8 de agosto essa relação ficou estável no Paraná (65%), Minas Gerais (64%) e em São Paulo (61%). Nos outros três Estados onde a paridade é vantajosa ao etanol, houve alterações. Em Mato Grosso, a vantagem aumentou, com a paridade indo de 59% para 58%. Em Mato Grosso do Sul, a vantagem diminuiu, de 68% para 69%. Em Goiás, foi de 69% para 64%.
Apesar da demanda mais forte, os preços do hidratado continuam se retraindo, em virtude da necessidade de algumas usinas de fazerem caixa. Em julho, o indicador Cepea/Esalq acumulou retração de 0,8%. Desde abril, o indicador registra queda de 6,9%.
Conforme especialistas, a combinação de preço em queda e demanda em alta tende a puxar os preços do biocombustível para cima nos próximos meses, quando a oferta do produto deverá ficar mais restrita. Ontem, a Unica divulgou que a moagem de cana até 1º de agosto ainda está abaixo do registrado em igual intervalo de 2014/15.
(Fonte: Valor Econômico)