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Vendas de defensivos devem crescer 5 % em 2006 - Sindag

SÃO PAULO (Reuters) – O setor de defensivos agrícolas espera ter um crescimento de 5 por cento no faturamento em 2006, para 4,2 bilhões de dólares, baseado na maior aplicação de fungicidas na soja e também na demanda crescente para culturas como café e cana-de-açúcar, avaliou o Sindag (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola).

O setor depende fortemente dos investimentos na cultura da soja, que responde por cerca de 50 por cento das vendas da indústria.

“Os ataques da ferrugem começaram bem cedo (na atual safra), quando a planta estava pequena ainda, isso indica que os agricultores vão aumentar o número de aplicações por hectare”, afirmou à Reuters o vice-presidente do Sindag, José Roberto da Ros, em entrevista por telefone.

Pelo Sistema de Alerta, da Embrapa, já foram registrados 638 casos de ferrugem asiática da soja na safra 2005/06, contra 459 focos no período anterior.

“Falava-se em uma aplicação, depois em uma e meia, hoje já falamos em duas aplicações. Em alguns lugares, onde o clima (quente e úmido) ajudou muito a doença, o agricultor terá de fazer até três aplicações,” acrescentou ele.

“Então é lógico que isso aumenta muito o mercado, e no caso de fungicidas para a soja, principalmente por causa da ferrugem.”

Da Ros disse que o Sindag ainda não fechou os dados para a pesquisa anual de 2005, mas, segundo ele, já é possível dizer que as vendas caíram menos do que havia sido projetado em função da quebra de safra e da valorização do real.

O setor esperava uma redução de até 20 por cento nas vendas em 2005. No entanto, a queda deve ter ficado em torno de 10 por cento, para 4 bilhões de dólares.

O recorde de faturamento ocorreu em 2004, justamente devido à maior demanda com a ferrugem. Naquele ano, as vendas de fungicidas somaram 1,388 bilhão de dólares, de um total obtido pelo setor de 4,49 bilhões de dólares.

O representante do Sindag destacou também que as vendas não caíram mais em 2005 devido à maior demanda por defensivos para culturas como café, cana-de-açúcar e laranja, cujas cotações internacionais estão em alta.

Segundo ele, apesar de a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) ter apontado uma redução de área para a soja em 2005/06 de aproximadamente 5 por cento, para cerca de 22 milhões de hectares, o setor não deve ser seriamente afetado.

“O produtor sabe que só vai ganhar dinheiro com produtividade. Então, com o atual preço da soja, com o câmbio, ele não vai deixar de usar insumos.”

Para Da Ros, “o grande problema na agricultura brasileira é o câmbio.” “Se o dólar estivesse em 2,8, 2,9 reais, a agricultura estaria “bombando”, o câmbio é um problema sério, o outro problema é o financiamento, insuficiente”, disse ele, lembrando que o agricultor está com problema para encontrar crédito, após a quebra da última safra.

Para tratar a ferrugem, entretanto, Da Ros considera que o produtor não irá economizar, uma vez que a doença já é conhecida de todos e pode reduzir a produtividade em até 80 por cento, caso não seja tratada.

“O agricultor está devendo, mas tem de plantar para pagar as dívidas. E para ganhar dinheiro, ele tem de usar a tecnologia, porque ele ganha na produtividade.”