De olho no crescimento da geração de energia que utiliza como fonte o bagaço de cana, fornecedores de cabos de energia como Wirex Cable, IPCE e Phelps Dodge estão ampliando sua atuação no setor sucroalcooleiro. As empresas estimam um investimento de R$ 65 milhões em cabos elétricos pelos produtores de açúcar e álcool nos próximos cinco anos. O excedente dessa energia é vendido no mercado aberto.
A paulista Wirex Cable, que passou a atender as usinas no final de 2002, obtém 7% do seu faturamento nesse setor. Desde então, ela já atendeu mais de 15 projetos na área. Apenas para o setor sucroalcooleiro a Wirex estima que investirá mais US$ 1 milhão até o final de 2006. Para se ter uma idéia da importância que o setor assumiu nos planos da companhia, nos últimos três foram investidos US$ 2 milhões, mas para atender vários setores, como automotivo e mineração.
“Durante a década de 90 a Wirex era voltada para telecomunicações e concessionárias de energia”, explica Fernando Berardo, diretor comercial. Com a mudança, seu faturamento cresceu 81%, atingindo R$ 200 milhões este ano.
A IPCE, fabricante com sede em São Paulo, que fornece cabos para as usinas de açúcar e álcool há quase dez anos, ampliou suas vendas para o setor a partir de 2001, devido aos projetos de venda de energia das usinas. Hoje, estas vendas representam 6% do faturamento da IPCE e devem chegar a 10% nos próximos dois anos.
A maior parte das vendas é de cabos de cobre, utilizados dentro das fábricas. O restante, equivalente a 30% das compras, é de cabos de alumínio utilizados para conduzir a energia gerada nas usinas para as linhas de transmissão das concessionárias. “Em menos de dois anos será preciso investir em capacidade para atender a demanda do setor”, diz Adhemar Camardella, presidente da IPCE, com faturamento anual de R$ 80 mil.
Apesar do otimismo, a concentração das usinas sucroalcooleiras no interior de São Paulo pode restringir as vendas, uma vez que a distância entre as usinas e as linhas de transmissão são pequenas. “A possibilidade de grandes distâncias é remota”, diz Roberto Seta, diretor comercial da Phelps Dodge. Mesmo assim, a empresa pretende ampliar suas vendas para o setor, aproveitando uma ociosidade de 30% em sua fábrica. Para os próximos anos, as maiores apostas da Phelps Dodge estão nas indústrias de siderurgia, mineração e papel e celulose.
Nos últimos seis anos, a potência instalada de energia excedente em usinas de açúcar e álcool teve um crescimento acentuado, passando de 85 MW para 500 MW no Estado de São Paulo, o que envolveu investimentos de R$ 830 milhões em novas usinas e adaptações nas já existentes. No Brasil como um todo, a energia excedente passou de 120 MW para 620 MW, de acordo com a Unica, entidade da agroindústria canavieira. Para os próximos anos, a expectativa é gerar mais 600 MW, com o investimento de R$ 1,5 bilhão para construir 24 novas usinas, de acordo com Onório Kitayama, assessor da Unica para assuntos de bioeletricidade.