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Valor pago pela cana, uma crítica mundial

Os produtores de cana-de-açúcar de várias partes do mundo compartilham ao menos uma das dificuldades enfrentadas pelos fornecedores brasileiros. “Há um descontentamento generalizado sobre a remuneração paga pela matéria-prima entregue às usinas”, afirmou Manoel Ortolan, presidente da Organização dos Produtores de Cana do Centro-Sul do Brasil (Orplana).

Segundo Ortolan, os produtores de outros países também reclamam que os custos de produção subiram, mas a remuneração não reflete o bom desempenho dos preços do açúcar no mercado internacional. “Os produtores australianos [importantes exportadores de açúcar] também enfrentam problema com arrendamento de terras. Na Europa, os produtores de beterraba estão preocupados com a reforma açucareira, uma vez que o corte dos subsídios poderá reduzir o número de produtores deste setor”.

No Brasil, os produtores de cana estão revendo o atual modelo de pagamento da matéria-prima entregue às usinas. Um acordo deverá ser fechado com as indústrias até o final deste mês.

Nestes últimos dois dias, os produtores mundiais de cana e beterraba estiveram reunidos, em Ribeirão Preto, em São Paulo, para discutir as dificuldades enfrentadas pela cadeia produtiva. Esta é a primeira vez que a Associação Mundial dos Produtores de Cana e Beterraba (WABCG, sigla em inglês) reúne-se no Brasil. “A Orplana não era filiada à entidade”, disse Ortolan. A WABCG reúne representantes de produtores de cana e beterraba de mais de 30 países. Hoje (dia 8), os produtores visitarão usinas da região de Ribeirão Preto.

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, encerrou ontem (dia 7) o seminário dos produtores e ressaltou, segundo Ortolan, que a produção do álcool está ganhando maior importância no cenário internacional por conta da escassez do petróleo. “O ministro também voltou a apoiar a cadeia produtiva de cana-de-açúcar”, destacou Ortolan. A assessoria do ministério não confirmou as informações.