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Vale do Rosário já se prepara para fusão com Santa Elisa

Depois de minar as intenções do grupo Cosan de comprar a maioria das ações de um grupo de seus acionistas minoritários, a usina Vale do Rosário, de Morro Agudo (SP), prepara-se para iniciar o processo de fusão com a Cia. Energética Santa Elisa, de Sertãozinho (SP). A Vale do Rosário deverá conhecer até a semana que vem o número de acionistas que vai permanecer no grupo para dar prosseguimento à fusão, que poderá incluir outras oito usinas que compõem a trading Crystalsev.

Segundo Cícero Junqueira Franco, vice-presidente da Vale do Rosário – que lidera os acionistas que se recusaram a vender as ações para a Cosan -, a companhia já está exercendo o direito de preferência na aquisição de papéis, previsto em estatuto, e está em fase final de negociação com os interessados em se desfazer de suas participações. “Na segunda-feira, concluiremos este processo. Na terça-feira, faremos o pagamento a esses acionistas”, disse. Na quarta-feira, a Vale do Rosário fará um balanço dos que ficaram, mas ainda estão interessados em se desfazer das ações.

No fim de janeiro, a Cosan fez uma oferta para 50,2% dos acionistas da Vale – 109 no total – para a compra de suas ações. Com isso, o grupo se tornaria majoritário e estrearia na região de Ribeirão Preto como produtor. A Vale do Rosário foi avaliada em cerca de US$ 775 milhões.

Mas, para barrar a Cosan, a Vale do Rosário conseguiu uma linha de financiamento do Bradesco para fazer valer o direito de preferência para a compra das ações desses “dissidentes”. O banco não comenta a operação.

Junqueira Franco afirmou que recebeu propostas de fundos como Gávea, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, da GG Investimentos, de Antônio Kandir, e do BDNESpar, além de fundos menores, para compor sociedade com a Vale. Além desses fundos, estavam no páreo as múltis Bunge e Cargill.

Segundo Junqueira Franco, esses grupos até podem ser sócios da Vale do Rosário – inclusive o Bradesco poderia ser um dos acionistas. Para o empresário, contudo, interessa aos acionistas controladores da Vale dar prosseguimento ao processo de fusão, o que criaria a segunda maior empresa de açúcar e álcool do país, atrás somente de sua principal concorrente, a Cosan. “A Vale é uma noiva muito cobiçada. Mas somos bem exigentes”, disse.