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Uso da água para produção de etanol preocupa cientistas nos EUA

Cientistas e representantes das cidades de Champaingn e de Urbana, no estado norte-americano de Illinois, estão em alerta depois de descobrir que a fábrica de etanol a ser construída na região poderá usar cerca de 2 milhões de galões por dia, proveniente sobretudo da reserva aqüífera que abastece as duas cidades.

“Há uma grande preocupação quanto ao impacto sobre o uso de recurso tão valioso (água)”, disse Matt Wempe, urbanista de Urbana. “Deve se levantar uma bandeira vermelha”, completa.

O estado de Illinois possui, atualmente, sete usinas em operação e é o segundo maior produtor de etanol do país. A alta dos preços do petróleo e o apoio de Washington para a produção de um aditivo à gasolina feito a partir do etanol de milho motivaram o interesse da Associação dos Produtores de Milho. Segundo a entidade, no momento, há pelo menos 30 fábricas em diversos estágios de planejamento em todo o estado.

De acordo com a Associação de Combustíveis Renováveis, para cada galão de etanol são necessários três galões de água. Portanto, uma usina que produza 100 milhões de galões por ano irá demandar 300 milhões de água para processar o cereal e resfriar os equipamentos.

Pesquisadores de Illinois e Iowa, maior produtor de etanol do país, estão preocupados com o impacto de tamanha demanda. “Se considerarmos o estado, não é uma grande quantidade de água”, disse Allen H. Wehrmann, diretor do centro de ciência para lençol freático do State Water Survey, de Illionois. “Illinois é um Estado rico em água, por isso acredito que isso (o uso da água) não vai nos afetar”, explicou.

A demanda por água nas 24 fábricas que atuam em Iowa não afetaram o abastecimento em Iowa, afirma Monte Shaw, diretor executivo da Associação de Combustíveis de Iowa. Segundo ele, com a melhora dos sistemas tecnológicos, as indústrias usarão 80% menos água que há cinco anos, e a maioria das plantas irá reciclar o produto.

Ainda assim, o abastecimento de água preocupa no Meio Oeste. O cientista do centro de pesquisa geológica de Iowa, Paul VanDorpe, alerta que o assunto será motivo de preocupação no futuro.

A possível abertura de mais uma fábrica de etanol em Aberdeen, na Dakota do Sul, fez o prefeito da cidade, Mike Levson, buscar novas fontes aqüíferas. “Sentimos que para a atual demanda temos bastante água disponível, mas isso pode nos fazer chegar ao limite”, explica.

O número estimado para o consumo de 2 milhões de galões entre as usinas é bastante, mas é fraco se comparada à demanda de 23 milhões de galões usados por dia nas duas cidades, Champaign e Urbana, ou aos 500 milhões de galões diários consumidos em Chicago.

O aqüífero Mahomet, situado na parte central de Indiana até o rio Illinois, pode abastecer indústrias, fazendas e municípios da região com até 250 milhões de galões por dia. Segundo Wehrmann, pesquisador de Illinois, levaria mais de um século para secar esta reserva, isso mesmo se não houvesse reposição ou reciclagem da água, o que soma cerca de 40 milhões por dia.

Outro fator que preocupa as demais indústrias da região é a contaminação da água, mas os membros do setor de etanol dizem que é praticamente mínimo o risco de contaminação da água com o combustível.