Mercado

Usineiros produzem mais eletricidade

Subproduto do setor de açúcar e álcool, a energia elétrica gerada pelas usinas com a queima do bagaço da cana e da palha terá papel importante na oferta de eletricidade. Hoje, o setor tem contratos de fornecimento de 1,6 mil MW, calcula a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). Parece pouco, lembrando-se que a capacidade instalada é de 96,5 mil MW.

Mas a quantidade de energia fornecida pelas usinas de açúcar e álcool poderá quintuplicar nos próximos anos, avalia o assessor de co-geração de energia da Unica, Onório Kitayama.

Para os usineiros, a geração de energia alternativa lhes possibilita uma receita adicional independentemente de novos investimentos.

Com a rápida expansão do setor, dezenas de usinas de açúcar e álcool passaram a participar dos leilões promovidos pela Aneel, mas nem sempre fecham contratos.

Nos leilões, os usineiros fazem vendas firmes de energia para as distribuidoras, o que é possível porque têm preços competitivos. Mas eles têm a alternativa de gerar energia para comercializar no mercado livre, submetendo-se à oferta e à procura instantâneas.

Algumas usinas, inclusive de grande porte, têm vendido nos leilões apenas uma fração da energia gerada, preferindo dispor de excedentes para ofertar no mercado livre. As operações poderão ser lucrativas, tendo em vista o risco crescente de novo colapso energético, decorrente do atraso nas licitações de grandes projetos hidrelétricos, como os do Rio Madeira.

Quanto maiores forem os riscos, maior tenderá a ser o preço da energia.

Na semana passada, com a regulamentação da venda direta de energia para clientes que consomem mais de 0,5 MW, como hospitais, hotéis e shopping centers, o mercado de produtores alternativos foi fortalecido.

Os consumidores têm vantagens em adquirir energia de pequenos produtores. A eletricidade gerada por fontes alternativas – em que a capacidade não supera 30 MW – se beneficia de um desconto de 50% nas tarifas de transmissão. “As empresas que compram essa energia acabam tendo uma economia de 15% a 20% na conta de luz”, diz o presidente da Comercializadora Comerc, Marcelo Parodi.

Hoje, há equilíbrio na oferta e demanda de energia. Mas, a partir de 2008, as previsões são difíceis. Novos produtores, como os usineiros, podem preferir a segurança de vender no mercado cativo ou, capitalizados, optar pelo mercado livre. Mas a maior incerteza parece estar com os consumidores.