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Usineiros e fornecedores fixam reajuste para a cana

Depois de um ano de discussão, usineiros e plantadores de cana independentes chegaram a um acordo sobre o cálculo para a remuneração da cana. O índice fixado pela União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica) e a Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (Orplana), de 6%, corrigirá o valor pago pela cana desde o início da safra, em 1 maio passado. O percentual cria uma fórmula preliminar que considera o avanço tecnológico nas usinas e estabelece que os plantadores devem participar de ganhos de produtividade.

Com base nessa premissa, o reajuste do preço da tonelada de cana é de 2,84%, para os parâmetros técnicos, que correspondem à maior eficiência na extração da sacarose da cana e no aprimoramento das técnicas de fermentação e destilação para a produção do açúcar ou do álcool. A outra parcela do reajuste é de 3,14% e leva em conta os investimentos nas lavouras, os custos financeiros, de produção e a depreciação dos equipamentos. Com isso, a participação dos fornecedores no faturamento das usinas, que era de 58,3%, passa agora a ser pouco acima de 60%. A correção dos valores será feita a partir de janeiro, em três ou parcelas, quando é feito o ajuste dos valores pagos aos fornecedores.

O acordo é preliminar, porque está em andamento estudos complementares, contratados pelas partes e que só ficarão prontos no primeiro trimestre de 2006. Depois do impasse resultante da divergência entre os estudos contratados individualmente pelos plantadores e pelas usinas, foi providenciado um terceiro levantamento de custos e receitas, desta vez à GV Consult, de São Paulo, com assessoria da Fundação Vanzolini. Quando estiver concluído, será então feita nova rodada de negociação. Para o presidente da Orplana, Manuel Ortolan, o acordo é satisfatório e deverá criar novos parâmetros nas relações entre usinas e fornecedores.

Ortolan se refere ao item do acordo que define a fórmula de cálculo da remuneração sobre o teor de sacarose da cana fornecida. Será linear, apesar de a incidência de sacarose na cana variar durante o ano. Com isso, o valor da cana não deve variar, já que o cálculo passa a ser feito com base na média do teor da sacarose. Assim elimina-se o risco de os fornecedores entregarem a produção nos meses em que o teor de sacarose é mais alto. Para o presidente da Única, Eduardo de Carvalho, o acordo será referência para outros setores da atividade.