A UDOP (Usinas e Destilarias do Oeste Paulista), que representa 36 unidades nas regiões de Araçatuba, Presidente Prudente e São José do Rio Preto, comemora o momento favorável para o setor sucroalcooleiro nacional.
O cenário interno é de contínua ampliação da demanda, graças a novidade do veículo bi(tri)combustível. O externo é de ampliação das exportações de álcool e açúcar, motivada por vários fatores, entre os quais a redução de barreiras comerciais e a quebra na safra de cana de países exportadores.
Tantas boas notícias são acompanhadas por pesados investimentos na ampliação da capacidade de produção do setor. Isso significa a instalação de novas plantas industriais ou a reativação de unidades desativadas. E nenhuma outra região do país está atraindo tantos investimentos quanto o oeste paulista. Entre projetos em andamento e os que aguardam aprovação (leia-se licenciamento ambiental, que demora até dois anos) são dezesseis. Parte dos recursos que bancam esses investimentos vem da região de Ribeirão Preto – o nordeste paulista, maior pólo sucroalcooleiro do país.
Luiz Guilherme Zancaner, presidente da UDOP, conta que “praticamente a metade das novas usinas e destilarias é de industriais da região de Ribeirão Preto”. Ele cita como exemplo o Grupo Toniello, de Sertãozinho, que está construindo uma usina na cidade de Castilho; a Usina da Pedra, de Serrana, que investe em Nova Independência; a Usina Batatais, de Tito Biagi, que escolheu a cidade de Sabino; e ainda o Grupo Bellodi, investindo em Pereira Barreto. Para Zancaner, o esgotamento das áreas disponíveis para o cultivo de cana e o preço da terra na região de Ribeirão são os principais fatores que estimulam a implantação de novas plantas industriais no oeste paulista. O preço da terra lá é de 3 a 5 vezes menor. “Aqui é terra de pecuária extensiva, o hectare custa entre R$ 6 e R$ 8 mil”, comenta.
Na expansão das plantas industriais na região oeste tem também investimentos de grupos empresariais da própria região e de empreendedores do Nordeste, outro pólo sucroalcooleiro importante do país.
A “corrida” de grupos industriais do setor visando a ampliação da produção inclui também a reativação de unidades desativadas. “Unidades que foram desativadas por problemas financeiros ou societários estão sendo retomadas”, destaca. No ano passado foi a Alta Paulista, antiga Vale Verde, em Junqueirópolis. A DeCasa, em Presidente Venceslau, voltou à ativa este ano, após quatro anos parada. Ano que vem outra unidade desativada volta a moer cana, perto de Marília.
Para o líder da UDOP, o bom momento que o setor sucroalcooleiro vislumbra para 2005 precisa ser acompanhado de estratégias que permitam um crescimento sustentado. Lembrando a crise de 98/99, quando usinas chegaram a distribuir álcool de graça, em protesto contra os preços baixos, ele diz que uma situação inversa – de preços excessivamente altos – também deve ser evitada a todo custo. “Não podemos perder de vista que metade da cana que moemos continua sendo para a fabricação de álcool. É fundamental que o respeito ao consumidor norteie a expansão do setor”, frisa.
Oeste quer evitar “tiroteio”
A rápida expansão de plantas industriais do setor sucroalcooleiro na região oeste deve ser acompanhada, desde já, por medidas que evitem a repetição da situação existente na região nordeste, pulverizada por dezenas de destilarias e usinas, muitas delas localizadas a pequena distância uma de outras.
“Queremos evitar aqui o ‘tiroteio’ (disputa entre usinas por matéria-prima) que vocês têm aí na região de Ribeirão, ele não é benéfico para ninguém e deteriora a margem de lucro das indústrias”, comenta Luiz Guilherme Zancaner, presidente da UDOP (Usinas e Destilarias do Oeste Paulista).
Ele preconiza uma expansão organizada, incluindo uma distância razoável entre as unidades.
Para Zancaner, se em gestões entre as usinas/destilarias o bom senso não prevalecer, uma alternativa será recorrer ao Poder Público. “Naturalmente que o Estado poderá intervir nessa questão, afinal ela se refere também ao meio ambiente”, diz, lembrando que muitos projetos ainda não deram partida devido a demora na aprovação dos necessários EIA-Rima (Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente).