Representantes de empresários do setor sucroalcoleiro, dos trabalhadores e do governo apresentaram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a conclusão de uma série de reuniões, iniciadas no ano passado, para discutir melhores práticas para a produção e colheita da cana-de-açúcar e produção de etanol. A sugestão da mesa redonda partiu do próprio presidente, preocupado com a repercussão negativa, no exterior, de certas práticas entre usineiros. O setor emprega 840 mil funcionários, que atuam em 400 indústrias no país.
De uma lista de 18 temas e 50 itens, o grupo chegou a um acordo que possibilitará o fim da contratação de trabalhadores terceirizados, que atualmente é feita através dos chamados “gatos”. Haverá um certificado de conformidade para as usinas que aderirem à contratação direta. Esse certificado funcionará, na prática, como uma espécie de propaganda positiva da empresa.
– Estaremos reconhecendo o que se faz de melhor – definiu o presidente da União das Indústrias da Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank.
– Vamos mudar nossa cara perante o mundo – acredita Anísio Tormena, presidente da Associação de Produtores de Bionergia do Estado do Paraná (Alcopar).
Para atestar que a empresa está cumprindo o acordo de não contratar funcionários por meio de “gatos”, haverá uma auditoria independente, que concederá o certificado de conformidade.
Os usineiros também se comprometeram a requalificar os trabalhadores para que possam atuar com máquinas agrícolas. Aqueles que não forem contratados, poderão fazer cursos para outras áreas na agricultura.
Os trabalhadores elogiaram a iniciativa.
– É um ponto fundamental a contratação direta – elogiou Hélio Neves, presidente da Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp). – É uma reivindicação histórica.
Apesar do compromisso firmado com a intermediação do governo, não há prazo para que as medidas sejam implementadas. O ministro da Secretaria Geral da República, Luiz Dulci, afirmou que o governo irá fazer o anúncio formal do acordo no final do mês. Ele disse que o governo participará na requalificação profissional.