Os institutos de meteorologia esperam um volume de chuvas abaixo da média histórica para o país no segundo trimestre. Com isso, como já era esperado, a quantidade de chuvas no período de abril a junho, que normalmente já não é significativo em comparação com o verão, não será suficiente para recuperar o baixo volume observado principalmente em janeiro e fevereiro, considerados “meses perdidos”.
Além de o volume médio previsto de chuvas para o país não ser expressivo, as áreas onde se espera uma quantidade de precipitações maior no segundo trimestre também não são aquelas mais relevantes em termos energéticos. Segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC-INPE) e a Climatempo,, a previsão para o período entre março e maio indica um volume de chuvas acima do normal apenas no norte da região Norte (desde Roraima ao norte do Pará) e no norte e leste da região Nordeste.
Com relação ao subsistema Sudeste/Centro-Oeste, principal “caixa d´água” do país, a previsão da Climatempo é que o volume de chuvas no outono, que começa hoje, será menor do que a média histórica. Já o CPTEC-INPE prevê um regime de chuvas normal para as duas regiões.
Na semana passada, o presidente da consultoria de energia PSR, Mario Veiga, afirmou que é preciso chover 79% da média histórica em março e abril para evitar a necessidade de um racionamento de energia em 2014. “Com bastante sorte, chegaremos aos 79%”, diz Alexandre Nascimento, meteorologista da Climatempo.
Segundo o especialista, a previsão de energia natural afluente – volume de energia que pode ser produzido de acordo com o regime de chuvas – no Sudeste/Centro-Oeste para março é de 67% da média histórica. Com relação a abril, último mês do período chuvoso, a estimativa é um pouco superior, de 78%.
Para os meses seguintes até agosto, a expectativa da Climatempo é um regime de chuvas entre 80% e 95% da média histórica para o período. O problema, segundo Nascimento, é que esses são meses em que chove pouco.
A Climatempo sinaliza ainda a possibilidade de configuração do fenômeno “El Niño” no segundo semestre, que pode resultar em um volume de chuvas maior na segunda metade do ano. Nascimento, porém, faz a ressalva de que o efeito positivo para o Sudeste/Centro-Oeste deverá vir apenas no fim da primavera e início do verão, quando pode ter sido tarde demais.
De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste estavam com nível de armazenamento de 35,4% na quarta-feira. O volume equivale a um aumento de 0,8 ponto percentual no acumulado de março.
Segunda região mais importante em termos de acumulação de água, o Nordeste está com nível de armazenamento em seus reservatórios de 41,9%, com ligeira queda de 0,2 ponto percentual no acumulado de março. No mesmo período, os lagos das usinas do Sul acumulam 2,4 pontos percentuais de alta no mês e estão com 39,7% de estoque. As hidrelétricas da região Norte estão com 83,7% de armazenamento, com alta acumulada de 2,8 pontos percentuais no mês.
Segundo a PSR, o nível médio de armazenamento dos reservatórios do sistema nacional precisa alcançar 40% no fim de abril para que não seja necessário, do ponto de vista técnico, um racionamento de energia já em maio. A média atual está em 39,3%.
(Fonte: Valor Econômico)