Pela primeira vez em três anos, as usinas de açúcar indianas fecharam acordos de exportação sem apoio governamental.
As companhias contrataram, até o momento, 10 mil toneladas de açúcar branco para exportação na nova safra, de acordo com a Reuters.
Este volume do alimento foi contratado para casas de comércio que estão exportando o adoçante para o Afeganistão para embarques em dezembro.
As usinas enfrentam dificuldades para seguir a safra mundial, que começou em 1º de outubro, devido às dívidas adquiridas na última temporada. As companhias, que são obrigadas a comprar cana dos produtores a um preço mínimo definido, só conseguem vender de forma competitiva com a ajuda de subsídios do governo. Mas este subsídio não foi pago integralmente. Além disso, devido às divergências no governo, não foi feito anúncio do subsídio à exportação para o ciclo atual.
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“Na última safra, a Índia colocou um subsídio da ordem de 63 milhões de rupias, e desse volume, 50 milhões não foram pagos até agora, o que gerou uma dívida das usinas e produtores de cana de 60 milhões de rúbias”, comentou o trader chefe da Sucden no Brasil, Luiz Silvestre.
De acordo com Silvestre, que participou do painel “Projeções para o mercado da bioenergia” da 13º Congresso Nacional da Bioenergia, nesta segunda-feira (23), essa falta de definição na Índia, sobre subsidiar as exportações, vem elevando os preços globais do açúcar aos níveis mais altos nos últimos meses.
Silvestre lembra que o país vem de uma safra de 32 milhões de toneladas de açúcar e tem um estoque de mais de 10 milhões de toneladas do alimento, tendo exportado mais de 5 milhões de toneladas na última temporada e potencial para exportar mais que este volume neste ciclo.
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“O mercado precisa do açúcar indiano, mas quanto mais eles atrasam essa decisão sobre o subsídio, mais pressão colocam e o Brasil vai se beneficiando”, afirmou, completando. “Raras vezes eu vi um açúcar de novembro e dezembro ser negociado com prêmio sobre a tela de março. Isso ocorre porque a única origem que tem hoje disponível é o Brasil”, explicou.
O especialista disse ainda que o preço do alimento no mercado interno indiano também caiu, mesmo com as usinas tendo estabelecido um preço mínimo de venda para negócios de açúcar. Esses preços são fixados em 31.000 rúpias a tonelada, mas as usinas estão vendendo açúcar aos exportadores a valores mais baixos, como 28.500 rúpias, pois precisam de fundos para pagar aos fornecedores de cana.