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Usinas debatem opções de enxugamento na gestão das empresas

Medidas tem como objetivo dar mais agilidade na gestão de negócios

Usinas debatem opções de enxugamento na gestão das empresas

Transparência, horizontalidade, inovação tecnológica e um bom fluxo de informações, são alguns dos ingredientes apresentados durante a Quarta Estratégica, promovida pelo JornalCana, que teve como tema a “Alta Gestão Enxuta – Agilidade e Assertividade na Tomada de Decisão em Usinas”.

Realizado na quarta-feira da Independência, dia 7, o webinar contou com participação de Bruno Coutinho, socio-diretor da Energética Santa Helena, Claudemir Leonardo, diretor agroindustrial da Usina Pitangueiras e Tomas Payne, diretor da DVPA Destilaria Vale do Paracatu, que ao longo de duas horas apresentaram ações promovidas em suas empresas, que vem trabalhando em conceitos que buscam aliar agilidade, eficiência e rentabilidade na gestão das usinas.

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Sob a condução do jornalista e diretor da ProCana, Josias Messias, o webinar foi patrocinado pela AxiAgro e S-PAA Soteica.

Empresa familiar e com 30 anos de atuação no mercado, a Energética Santa Helena vem buscando nos últimos anos, a profissionalização na gestão dos negócios. O time de gestão da empresa conta com 3 diretores nas áreas operacional, comercial e financeira e quatro gerentes (agrícola, industrial, automotiva e uma gerência de suprimentos).

“Estamos estudando a montagem de um conselho consultivo, com profissionais de fora, com uma visão externa da empresa, buscando uma otimização do que nós temos em eficiência, produtividade e rentabilidade, para posteriormente pensarmos na expansão do negócio”, informou o sócio-diretor Bruno Coutinho.

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Bruno Coutinho, socio-diretor da Energética Santa Helena

“Trabalhamos com uma visão de longo prazo, temos um plano diretor agrícola focado nos próximos 10 anos., o que nos dá mais segurança para o negócio. As decisões do negócio são tomadas no dia a dia, até pelo constante acompanhamento de todas as áreas. Nesses 30 anos, já fomos maiores, hoje temos apenas uma unidade, e com isso nós aprendemos em vários processos. Usina é tudo igual, mas são mundos diferentes, cada uma tem sua particularidade”, afirmou Coutinho.

A usina conta com uma estrutura organizacional bem horizontal, com poucos níveis hierárquicos, facilitando a comunicação. “Delegamos o poder decisão dentro de cada nível hierárquico, onde todos sabem quais são as metas a serem cumpridas”, explicou Coutinho.

Ele destacou ainda que a gestão da empresa conta com cinco pontos chaves: controle do fluxo do caixa, produzir cana com índices de produtividade satisfatório, otimização dos ativos industriais e agrícolas, manutenção linear da frota automotiva e uso racional dos insumos agrícolas e industrial e por fim, a gestão enxuta dos estoques. Esses itens são a base da nossa gestão enxuta. Nosso quadro de pessoal vem se mantendo estável. Esse ano estamos implementando uma agenda ESG na empresa, a fim de tornar a empresa cada vez mais sustentável”, informou Coutinho.

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Na Usina Pitangueiras alta gestão é composta pela presidência e duas diretorias (agroindustrial e administrativa). Segundo o diretor Claudemir Leonardo o objetivo da gestão é que todos os colaboradores, do faxineiro ao presidente, saibam onde se quer chegar. “Contamos com três níveis (tático, operacional e estratégico), cabendo à diretoria definir a visão da empresa com foco no longo prazo e visão de oportunidade e novos negócios”, explicou.

Claudemir Leonardo, diretor agroindustrial da Usina Pitangueiras

Leonardo destacou que gestão enxuta e corte de custos nem sempre são sinônimos. “É preciso tomar cuidado e se evitar fazer economia burra. Não é porque estou com orçamento apertado que vou cortar o cafezinho da turma, ou fazer cortes na manutenção”, exemplificou. Segundo ele, a boa gestão deve passar por quatro pilares básicos: pessoas, processos, sistemas e inovação.

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“Trabalhamos com o RH para definição de papéis, onde cada um tem que saber a sua função. Fazemos frequentemente o café com a diretoria, onde são apresentados os resultados da empresa e se busca sugestões. Os processos incluem planejamento de controle de produção, onde se desenha tudo que vai produzir na safra. Com relação aos sistemas, usamos cada vez mais, softwares que proporcionam informações em tempo real como o S-PAA, com o qual criamos o CRA (Comprometimento com Responsabilidade que gera Autonomia)”, elucidou.

Com mais de quatro décadas de experiência no setor, Tomas Payne, diretor da DVPA, avalia que houve uma grande evolução no segmento sucroenergético. “Antes a gente registrava muita coisa no papel, e quase nada virava informação útil para tomada de decisão. E essas informações têm um custo. O grande desafio é trabalhar essa informação. É importante horizontalizar as conversas, para que todos se sintam livres para colaborar com sugestões”, disse.

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Tomas Payne, diretor da DVPA Destilaria Vale do Paracatu

Segundo Payne, “na DVPA somos três diretores, dois acionistas e temos uma comunicação muito boa, simples e produtiva. Temos uma administração enxuta, que acaba gerando agilidade. Se a gente decidir pela manhã, à tarde já estamos implantando”, afirmou. “Precisamos democratizar a informação, de forma que as ações sejam preventivas e não corretivas”, disse Payne.  Ele avalia que mudar a cultura do setor é um processo longo, mas vislumbra grandes perspectivas, principalmente com o hidrogênio verde.

Payne informou que a DVPA está fazendo uma análise econômica da lavoura, para achar o valor econômico de cada lavoura, e saber o momento certo para reformar, não apenas com base numa expectativa agronômica, mas também com base numa expectativa econômica-financeira.

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O diretor da ProCana, Josias Messias, enfatizou que a alta gestão enxuta é uma questão de pessoas. “Tudo falado hoje, tem a ver com informação em tempo real”, sintetizou.