A baixa produtividade nas lavouras de cana-de-açúcar, causada principalmente pela falta de chuvas, fará com que duas usinas no interior do Estado terminem a safra ainda nesta semana.
Normalmente encerrada a partir da segunda quinzena de outubro –a maioria das usinas vai até dezembro–, a safra nas duas unidades nas regiões de Piracicaba e São João da Boa Vista acabaram antes porque elas foram afetadas pela longa estiagem, que prejudicou o desempenho nas lavouras.
A informação foi dada nesta terça (26) pela Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), entidade que representa o setor –os nomes das usinas não foram revelados.
Por causa do baixo desenvolvimento das plantações, as previsões estão sendo revistas. Com isso, a tendência é que os preços do etanol nos postos sejam mantidos nas próximas semanas, até que sofram reajuste próximo à entressafra.
Um relatório da Unica aponta que a estimativa de moagem de cana para a atual safra na região centro-sul é de 545,89 milhões de toneladas, uma queda de 5,88% em relação à estimativa inicial, de 580 milhões de toneladas. A safra anterior atingiu 597,06 milhões de toneladas.
O diretor-técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, disse que a quebra da safra ocorre num péssimo momento para o setor, que vê aumento expressivo nos custos de produção ao mesmo tempo em que os valores do etanol e do açúcar não reagem.
Essa não reação dos preços, de acordo com ele, está relacionada à ausência de políticas públicas para a atividade sucroalcooleira.
Padua disse nesta terça em Sertãozinho, onde está sendo realizada a Fenasucro (feira do setor), que as usinas deixam de lucrar por safra R$ 10 bilhões por causa da não cobrança da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), que foi zerada para a gasolina.
Seca
Segundo a Unica, a quebra da safra em São Paulo deve atingir 11,7%. A estimativa da entidade é que sejam processadas 324,43 milhões de toneladas de cana nas usinas paulistas, ante as 367,45 milhões da safra 2013/14. “É a grande quebra. Choveu muito pouco”, disse Pádua.
A Unica informou que a revisão para baixo das estimativas ocorreu porque as condições climáticas observadas desde o início da safra foram piores do que as usadas na primeira projeção, de abril.
(Fonte: Folha de S.Paulo)