O cuidado com a matéria-prima reflete na sua qualidade e, consequentemente, na produtividade. Investir nesse processo é a garantia de bons resultados. O setor bioenergético está atento a isso. As usinas estão buscando aprimorar as técnicas de plantio e replantio da cana visando melhorar a performance agrícola.
O assunto foi tema do webinar desta quarta-feira (14), promovido pelo JornalCana, que reuniu um time de especialistas para falar sobre “Usinas de Alta Performance Agrícola – Inovações no Plantio e Replantio”.
Participaram do evento Inês Janegitz, gerente agrícola da Usina Atena; Gabriel Della Coleta Canal, diretor agrícola da DCBIO e Merquisson Sanches, gerente de operação da TT do Brasil.
Sob a condução do jornalista Alessandro Reis, do JornalCana, o webinar foi patrocinado pelas empresas: Axiagro; HRC e TT do Brasil.
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Inês Janegitz, da Usina Atena, focou sua apresentação nos cuidados com o sistema radicular. Localizada na região de Presidente Prudente – SP, a Usina Atena tem capacidade para processar 1,5 milhão de toneladas, sendo 99% de cana própria. O planejamento de plantio da usina conta com dois tipos de modalidade: 55% convencional e 45% com o sistema de meiose, onde 30% do plantio ocorre de forma mecanizada.
“A maior parte da área de meiose é ocupada pela cultura de amendoim (50%) e uma pequena parte para crotalaria e milheto. O restante da área fazemos um pousio, onde vamos preparando o solo para o plantio”, contou.
Com relação aos cuidados com o sistema radicular, Inês explica que é necessário um trabalho de descompactação do solo. “Quando se fala em raiz, nós sabemos que existem as raízes superficiais responsáveis pela absorção dos nutrientes e da água; as raízes de fixação, que fixam a planta no solo e as raízes cordão, que respondem pela absorção da água. Então, basicamente trabalhamos com um plantio mais profundo e acondicionamento deste solo, preparando-o química e biologicamente para receber a raiz a fim de nutrir a planta”, salientou.
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Inês ressaltou ainda que o preparo em profundidade traz como benefícios o crescimento e abrangência de raízes no perfil, melhor sustentação da planta (menor arranquio de soqueira); um maior volume de solo explorado pelas raízes, aumentando a absorção de água e de nutrientes e menor suscetibilidade à estiagem e ao ataque de pragas.
Com relação à aplicação de condicionador, os benefícios são o aumento na população e diversidade de microrganismos, um sistema radicular mais agressivo, maior aproveitamento dos nutrientes do solo, maior desenvolvimento geral da planta, entre outros.
Todo esse trabalho é mensurado através de um sistema de avaliação de trincheiras para análise de construção do solo. “As trincheiras nos permitem fazer essa análise embaixo da cana e analisar como seu sistema radicular está se comportando”, disse.
Com relação ao preparo do solo a Atena utiliza o convencional com grade e arado e o mínimo, com canteirizador.
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Processos interligados
Gabriel Della Coleta Canal, da DCBIO, usina com capacidade de moagem de 1.950.000 toneladas por safra, e 3.000 ha de plantio, sendo 80% manuel e 20% mecanizado, explicou os pontos que devem ser levados em consideração em um Plano Diretor Agrícola.
“Considerando-se as unidades de manejo de solos (capacidade de água disponível, erodibilidade e fertilidade), ambientes potenciais de produção e planialtimetria detalhada das áreas da empresa, elaborar os projetos de sistematização de forma integrada, independentemente do ano de reforma, alocando cada área nos períodos de safra (inícios, meado e final) para cada bloco de colheita, de forma a obter a máxima equalização das produtividades durante os períodos de safra considerados, respeitando-se a logística para entrega linear da matéria-prima na indústria e obtendo-se também a otimização da estrutura envolvida no CTT e nos tratos culturais de soqueiras”, explicou.
Gabriel destaca que para se ter assertividade no planejamento é preciso planejar com antecedência levando em consideração os seguintes aspectos: definição dos blocos de projetos através do levantamento macro altimetria; classificação cartográfica do ambiente de produção; levantamento das áreas irrigadas e sequeiro; sistematização adequada, definição do sistema de plantio (seja manual ou mecânico) e alocação varietal.
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“Na DCBIO, nós temos 380 fazendas com 61 macroprojetos. É importante que todos estejam interligados, pois isso permite maior eficiência no CTT e também nos tratos culturais”, explicou.
Merquisson Sanches, da TT do Brasil, levou ao debate o ponto de vista dos fabricantes dos equipamentos. Há 37 anos na fabricação de máquinas agrícolas e com presença em mais de 20 países a TT do Brasil Ltda produz no Brasil máquinas e equipamentos que trazem grande inovação ao mercado canavieiro, através de novos conceitos em plantio e cultivo de cana.
O gerente destacou a questão da assertividade lembrando da necessidade de se executar com precisão cada uma das funções que a máquina se propõe a fazer dentro de parâmetros bem definidos.
Entre os benefícios do plantio mecanizado, ele destacou a questão da segurança para o pessoal, no uso de químicos, obtenção de mudas, transporte, redução direta de acidentes, normas da NR12 em todos os equipamentos. Outro fator positivo por ele apontado foi a alta disponibilidade de hora/máquina, reduzindo também a necessidade de mão-de-obra.
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Outra vantagem, segundo Merquisson, é que o plantio mecanizado convive com outros sistemas. “Ele precisa ser combinado com semente de alta qualidade, podendo ser combinado com MPB; utilizado em técnicas de Meiosi ou Cantose; além do plantio manual e semi mecanizado”, comentou. Segundo o gerente, um dos desafios do setor para se adequar ao plantio mecanizado, é entendê-lo como um sistema e não como uma plantadora.
Assista ao webinar completo: