
Controle de PH, rastreabilidade de cor e cinzas no projeto, controle na clarificação do caldo e do xarope, passando pela utilização de bombas helicoidais são algumas das soluções apontadas por especialistas para otimizar a produção do açúcar. O assunto foi tema do 9º SINATUB Fabricação de Açúcar, cujo 2º Painel foi realizado na quarta-feira (6), dia 6 de outubro.
Promovido pelo JornalCana, o evento contou com a participação de Douglas Mariani, engenheiro Especialista de Aplicação e Consultor de Negócios da Soteica; Gustavo Minetto, gerente Corporativo de Processo Industrial da Zilor; Marcos Ito, consultor na Sugar & Azucar Engenharia e Consultoria e Marcos Sachetto, consultor da Helifab bombas Netzsch.
Sob a condução do jornalista Josias Messias, diretor do Procana, o webinar contou com o patrocínio das empresas Autojet from Spraying Systems, BioCon, S-PAA Soteica e Netzsch.
Para o engenheiro Douglas Mariani, da S-PAA Soteica, em se tratando de usinas 4.0, o que permite alcançar bons resultados é a integração entre as informações e dados disponíveis. Em sua explanação sobre algoritmos inteligentes aplicados na fabricação de açúcar, ele apresentou três cases de aplicação do S-PAA nas usinas Lins, Coopcana e Bonsucesso.
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Para Mariani em todo processo o importante é alcançar o maior grau de estabilidade de todo sistema. Na Lins, uma usina que processa bem, mas não tem cogeração e que em 2021 teve como foco a fabricação de açúcar, o laço vapor teve como objetivo: otimizar como um topo o sistema de vapor aproveitando ao máximo a energia do combustível, atuando com dois modos de operação: economia quando há redução de demanda ou exigindo o máximo das caldeiras quando o processo necessita.
Com relação ao controle de PH, Mariani explica que existem basicamente 4 fatores que o S-PAA leva em consideração: vazão de caldo, ph real, sp de ph e vazão de leite de cal. “Com esses quatro fatores ele calcula um alvo de vazão de leite de cal. Com esse alvo, o S-PAA escreve na MV do motor para buscar essa vazão, informa, lembrando que para garantir a estabilidade o S-PAA controla a bomba de dosagem.
Para falar sobre controle do fluxo de caldo, através do equilíbrio de carga pré evaporação e na evaporação, Mariani utilizou o case da Usina Coopcana. Entre os objetivos neste processo está o de manter nível suficiente no tanque de clarificado açúcar, para não faltar caldo para evaporação, visando manter o mínimo possível de caldo transbordado entre os clarificados, lembrando da distribuição das vazões conforme as análises de brix, com maior tratamento nos cálculos, a fim de melhorar a eficiência do conjunto de pré evaporadores.
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Toda essa estabilidade no vapor propiciou o aumento na produção de açúcar, disse Mariani. Já no case da Usina Bom Sucesso, o engenheiro abordou o controle de vácuos para balanço de energia. “No cozimento nós pegamos em nosso banco de dados a pureza do xarope, mel, magma, como alvo o brix, para chegarmos a uma curva dinâmica. No vapor da calandra buscamos o brix correto para aquela parte do cozimento, fazendo com que ele suba conforme avança, para quando chegar ao nível final praticamente, não tenha aperto de massa, ganhando tempo”, explicou.
O Laço visa entregar a quantidade de vapor que a usina suporta no momento, maximizando a produção de açúcar em momento de estabilidade térmica. Ele também atua fortemente na proteção ou retomada de pressão de vapor geral da usina, reduzindo o consumo momentâneo dos cozedores. Desta forma se aumenta a produção e reduz a variabilidade do vapor, com base nos algoritmos para se controlar desde o início do processo.
Tratamento do caldo
Gustavo Minetto, da Zilor, que bateu recorde histórico de 178.627 toneladas de açúcar branco produzido na safra 2020/21, credita esse resultado a uma melhor rastreabilidade de cor e cinzas no processo; a busca contínua de produtividade nominal da fábrica, paradas a partidas, para depois ir para qualidade; uma boa sulfitação e o pH do caldo dosado.
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Segundo ele, o foco de atuação deve se concentrar no tratamento do caldo. “Numa ponderação metodológica que fizemos ele tem uma participação de 90% nas variabilidade de produção do açúcar 2CF, restando 10% para a evaporação e cozimento, disse. Com relação a sulfitação do caldo, Minetto orienta sulfitar sempre acima de 500 ppm, seguindo esses padrões: área de sulfitação com 12m², ejetores com tubo de selagem de 10,0m e água de resfriamento a 30°C, com controle de vazão individual por ejetor”, explicou.
Marcos Ito, consultor na Sugar & Azucar Engenharia e Consultoria, falou sobre a fabricação de açúcar branco em uma usina da Nicarágua, onde houve um furacão, logo no início da safra. “Isso prejudicou muito a qualidade da cana, desencadeando em um desafio para fazer o açúcar branco. Para alcançar o resultado, atuamos em cima da clarificação de caldo e xarope”, comentou.
Para combater a ação dos contaminantes foi feito um trabalho de assepsia na moenda e pré-alcalização. Ele disse que a estabilidade do caldo foi obtida através do uso do Sacarato. De acordo com Ito, a energia cinética é tão importante quanto á energia térmica, no controle do Ph. Ele também chama a atenção para a preparação e aplicação do polímero floculante.
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As bombas utilizadas no bombeio do xarope, do mel e melaço são constituídas de carcaça de ferro fundido, rotor SAE 420 cromado, estator SBE, e a vedação é feita com selo mecânico invertido e funcionam numa rotação entre 200 a 300 rpm. Ele também apresentou as especificações das bombas de massa, magma e tacho contínuo.
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