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Usina Paineiras adia safra para aproveitar a chuva

As chuvas prejudicam o ritmo da colheita no Centro-Sul
As chuvas prejudicam o ritmo da colheita no Centro-Sul

A temporada de chuvas serviu como estratégia para a Usina Paineiras, de Itapemirim (ES), e para produtores de cana-de-açúcar.

A unidade, que normalmente começa a safra em abril, desta vez deverá iniciar a moer a partir de junho. Irá aproveitar o tempo chuvoso para que a cana cresça um pouco mais, com o ganho em açúcar, ou Açúcares Totais Renováveis (ATR).

A estratégia também é adotada pelos produtores da matéria-prima do etanol de Itapemirim, que também aproveitam as chuvas das últimas semanas para preparar as mudas para as próximas safras.

Segundo o Climatempo, há previsão de incidência pluviométrica por pelo menos mais esta semana em Itapemirim e região próxima.

Aproveitar os benefícios das chuvas favorece a Paineiras e os produtores, que, assim como em outras regiões canavieiras do país, enfrentaram forte estiagem no ano passado.

“A produção de cana já vinha caindo um pouco a cada ano, devido principalmente às estiagens e ao desestímulo do governo federal para com todo o setor sucroalcooleiro”, diz Antonio Carlos de Freitas, diretor de Negócios da Usina Paineiras. “Neste ano, no entanto, devido à estiagem ter sido ainda mais intensa, vamos moer 300 mil toneladas, ante 780 mil do ano passado.”

Pequenos produtores

Além de cana própria, a Paineiras conta também com a produção de mais de 500 pequenos produtores ligados à Cooperativa Agrícola dos Fornecedores de Cana (Coafocana). A oferta de matéria-prima, no entanto, será reduzida.

“A seca acabou com quase tudo, e não deve haver cana dos cooperados para moagem neste ano. A que havia foi destinada a pecuária, principalmente, porque não tinha condições de ser moída. Os poucos produtores que estão plantando, é para ter mudas para 2016”, afirma o presidente da Coafocana, Gilberto Fernandes.

Mais de 90% dos pequenos agricultores ligados à cooperativa produzem apenas cana-de-açúcar. Apesar disso, nos últimos anos, conforme a entidade, eles têm sido excluídos do acesso a subsídios federais concedidos a produtores de estados vizinhos que passaram por situações de estiagem similares.

Preparo de terra canavieira em Itapemirim: aproveitamento das chuvas
Preparo de terra canavieira em Itapemirim: aproveitamento das chuvas

Entrevista

“Faremos uma safra mais açucareira”

Na entrevista a seguir, o diretor de Negócios da Usina Paineiras, Antonio Carlos de Freitas, fala mais sobre a safra 15/16 da unidade

JornalCana – A decisão de iniciar a safra em junho deve acrescentar mais cana ou produtividade? A Paineiras pretende fazer uma safra mais açucareira?

Antonio Carlos de Freitas – Não acrescentará mais cana ou produtividade, além das 300 mil toneladas estimadas. É claro que o ATR deve avançar. E sim, a Usina Paineiras pretende fazer uma safra mais açucareira.

Qual deverá ser o ganho de ATR?

Há uma previsão de ganho de ATR de pelo menos 10 kg de ATR por tonelada de cana

Qual deve ser o mix da Paineiras em percentual de etanol e de açúcar?

70% para açúcar e 30% para etanol

Qual o percentual de cana da usina produzido pela Coafocana?

Nesta safra de 300 mil toneladas, o percentual dos fornecedores representados pela Coafocana deve ficar em cerca de 13%. Importante deixar muito claro que a Coafocana não produz cana-de-açúcar, ela simplesmente representa os cooperados que produzem cana para vender para a Usina.

Os produtores aproveitam as chuvas para preparar as mudas a serem cultivadas em 2016. Há condição de citar previsão de número dessas mudas? E a partir de 2017 a oferta pela Coafocana deve ser retomada? Se sim, para quantas toneladas projetadas?

Mesmo com o atraso das chuvas, há um plantio de cerca de de 300 hectares no Sul do Espírito Santo, o que permitirá pelo menos a disponibilização de 18.000 a 20.000 toneladas de mudas para o plantio de cana de ano e meio em 2016. Além disso, poderão ser disponibilizadas mudas de soca planta, colhidas neste ano. Já em 2016 espera-se a ampliação da oferta de cana pelos fornecedores representados pela Coafocana, considerando condições climáticas adequadas. Para 2017, espera-se que esse fornecedores retomem os níveis tradicionais de oferta de cana, voltando, rapidamente, a um patamar entre 200 e 300 mil toneladas.