
A Baldin Bioenergia S. A., companhia sucroenergética com unidade produtora em Pirassununga (SP), aposta em estratégias como a retomada da produção de etanol.
Em entrevista ao Portal JornalCana, Carlos Roberto Ravanelli Ferreira, gerente administrativo e financeiro, comenta sobre a novidade e como vai o processo de recuperação judicial da empresa.
Portal JornalCana – A Baldin Bioenergia S. A. retomou a produção de etanol após quantos anos?
Carlos Ravanelli Ferreira – Retomamos a produção de biocombustível nesta safra 2016/17 depois de oito anos.
Qual a produção média diária?
Ravanelli – 170 mil litros por dia. Deveremos chegar perto de 20 milhões de litros.
A produção é de etanol anidro e hidratado?
Ravanelli – Hidratado. Temos uma coluna de destilaria de anidro, mas ela não foi ativada nessa safra.
A retomada da destilaria é temporária?
Ravanelli – Não. A ideia é ter a produção de etanol, ter o mix de produção mais elástico. Antes tínhamos só o açúcar cristal.
Por que a destilaria foi reativada?
Ravanelli – Há alguns motivos. O principal deles é ter um mix de produção para mudar de acordo com o mercado, assim se o preço do açúcar estiver melhor, direciono o mix para ele. Ou se o preço do etanol estiver melhor, vou para ele. Outro motivo é a demanda pelo mel. Se eu tiver produção de mel, e não tiver para quem vender, ou tenho de reduzir o preço ou estocar, que não vale a pena. Há a alternativa de transforma-lo em etanol e colocar no mercado.
Como está a previsão de moagem da Baldin para a safra 16/17?
Ravanelli – 1,750 milhão de toneladas de cana-de-açúcar. O volume representa cerca de 100 mil toneladas acima da safra anterior.
A diferença é cana bisada?
Ravanelli – Não, não tivemos cana bisada. Na safra 15/16 também havia a meta de moer 1,750 milhão de toneladas, mas não foi possível por conta do excesso de chuvas.
Qual a previsão de produção de açúcar na 16/17?
Ravanelli – 2,8 milhões de sacas de 50 quilos.
Como a chuva registrada no fim de maio afetou a usina?
Ravanelli – A chuva paralisou a indústria por dez dias, mas esse período equivale financeiramente a 20 dias. Isso porque a parada foi de 10 dias, mas ficamos mais 10 dias sem ter receita, porque não deu para fazer açúcar cristal com a retomada imediata da safra. Tivemos, com a chuva, de fazer açúcar VHP, para exportação, que demora mais tempo para receber, na comparação com a venda do açúcar cristal.
A Baldin tem parceria de cogerar eletricidade excedente para a CPFL. Como está esse negócio?
Ravanelli – É uma parceria, 50% da usina e 50% da CPFL. A distribuidora comercializa a eletricidade produzida pela Baldin e metade da venda é dela e metade nossa. Essa parceria vai até 2025.
Como está o processo de recuperação judicial da Baldin?
Ravanelli – O pedido foi feito em junho de 2012, houve o prazo para o processo, aprovado em 2013 e suspenso. Refizemos e novamente o plano foi aprovado em 2014. Desde 2015 cumprimos o plano e com inovações, como a retomada da produção de etanol.
Isso permite projetar uma saída da recuperação?
Ravanelli – Estamos há 1,5 ano em recuperação. Sabe-se que os três primeiros anos são os mais difíceis. Os dois primeiros, por exemplo, são monitorados pelo administrador judicial.
Qual é o prazo do plano de recuperação da Baldin?
Ravanelli – 15 anos. Ou seja, o plano só termina após esse período.