A presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, disse ter recebido com perplexidade a posição da Petrobras em relação ao programa RenovaBio. Em nota ao programa, que pretende normatizar o papel dos biocombustíveis, a estatal informou que o biocombustível não é necessário para cumprir as metas estabelecidas pelo RenovaBio.
Essa nota da Petrobras causou polêmica. “Há vários argumentos colocados e alguns não se aplicam ao Brasil, mas, acima de tudo, há aquele [argumento da Petrobras] de que não é necessário o biocombustível para cumprir as metas”, disse Elizabeth Faria na manhã desta terça-feira (25/04) no Sugar & Ethanol Brazil, promovido pela F. O. Licht na capital paulista.
Segundo a presidente da Unica, “de fato há várias rotas para [cumprir as metas do RenovaBio]. Mas por que jogar fora o que já temos [etanol], que já temos experiência e infraestrutura?”
“O setor de transportes é o que mais emite emissões no mundo e todo mundo está em busca de formas para conter a carbonização”, lembrou a executiva. “Fala-se em biocombustíveis de forma geral [para conter a carbonização] e por que não colher a fruta que está ao alcance nossas mãos, no caso os biocombustíveis?”
Miguel Ivan Lacerda de Oliveira, diretor do Departamento de Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), informou no evento da F. O. Licht que “muita gente não leu a nota da Petrobras, mas leu a notícia sobre a nota da Petrobras.”
Segundo ele, “existem várias Petrobras dentro da empresa e a nota é um pensamento default, no qual acredita-se que [o RenovaBio] pode tirar parte do mercado de gasolina, enquanto a proposta é tirar o mercado da gasolina importada.”
Oliveira informou também que executivos da Petrobras entraram em contato com o MME sobre a polêmica. “Falaram com a gente, até para fazer uma correção.”