No ano de 2012, com a tímida marca de 10 milhões de litros, o estado do Mato Grosso, dava os primeiros passos na produção de etanol de milho no Brasil. Em 2020/21 a produção ficou na casa dos 2,5 bilhões de litros. Num cenário que prevê a elevação para 8 bilhões de litros já em 2028, o que representará 19% da produção total de etanol no Brasil.
Para tratar desta questão o Centro de Conhecimentos de Bioenergia da Universidade Federal de Viçosa, promoveu, recentemente, a palestra online “Cenário Econômico do Etanol de Milho no Brasil”, com o economista e gestor de projetos do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas – PECEGE-USP, Haroldo Torres.
Para o economista o que pode assegurar essa viabilidade da produção do etanol de milho no Brasil é a demanda para os subprodutos oriundos dessa produção (DDG e DDGS (proteína para nutrição animal) e óleo de milho).
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Torres também listou três pilares fundamentais para a expansão dessas usinas: Primeiro – Localização que deve ser onde exista matéria-prima abundante (no caso o milho) e preferencialmente barata. O segundo item: a localização onde também tenha grande quantidade de biomassa (eucaliptos, cavaco de madeira, caroço de algodão, entre outros) no caso das usinas full, para geração de vapor/energia. E por fim, o terceiro fator também diz respeito a localização: que deve ser em regiões onde existam demanda ou mercado consumidor para os subprodutos que são gerados na produção do etanol de milho.
Durante a palestra o economista apresentou um painel da implantação do número de plantas industriais no Brasil. Atualmente o país conta com 10 usinas flex, e 2 stand alone (que convertem o grão em bicombustível). Tendo ainda 5 em fase de construção e pelo menos 7 em fase de design. Segundo Torres, esta onda está sendo impulsionada pela abundância de milho, queda de juros e boas perspectivas para o consumo de etanol.
O Brasil figura como o terceiro maior produtor mundial de milho, respondendo por 9% da produção mundial e o segundo exportador (22% das exportações). A região centro-oeste responde por 40% da produção brasileira.
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Torres lembrou que as usinas flex, são aquelas que produzem o etanol de milho na entressafra da cana (dezembro a março) e na produção do etanol a partir da cana, o bagaço serve como biomassa (vapor e energia). Segundo o economista, até 2017 100% das usinas de etanol de milho seguiam esse modelo. Já em 2017, a FS iniciou o modelo full (no qual não existe nenhuma relação com a cana, portanto há a necessidade de uma biomassa (eucalipto, cavaco de madeira, caroço de algodão).
De acordo com economista, numa análise comparativa entre etanol da cana x etanol de milho, a cana leva vantagem na produtividade agroindustrial (com 1 tonelada de cana se produz cerca de 6,5 mil litros por hectare, já com o milho se produz cerca de 2,5 mil litros por hectare). “Porém, ao longo dos últimos anos a cana vem perdendo a sua produtividade, enquanto o milho vem aumentando. Sendo assim começa a fazer sentido essa expansão das usinas de milho, que contam com seus subprodutos para suavizar essa diferença”, explicou.
Torres acredita que este crescimento deverá ocorrer de forma regionalizada, em virtude das características necessárias para a implantação dessas usinas. Ele aponta os Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e região sul de Goiás, como áreas com grande potencial para que elas possam se instalar.
Joacir Gonçalves