A StoneX vê com otimismo as expectativas para o Centro-Sul brasileiro com a materialização do superávit projetado em 5 milhões de toneladas a partir do segundo trimestre de 2023.
“Com maior disponibilidade de cana e mix ainda mais açucareiro, o ciclo 2023/24 (abr-mar) na região deve colocar mais volumes de açúcar no mercado, o que deve apontar para um aumento da oferta no médio prazo”, afirma a consultoria em seu relatório de Estimativa Global do Açúcar divulgado no último dia de janeiro.
Segundo a StoneX, o início da nova temporada para a commodity, tencionou ainda mais o lado da oferta por conta dos atrasos e incertezas em diversos players.
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“Na Ásia, chuvas indesejadas parecem ter prejudicado a produtividade nos canaviais da Tailândia, Índia e Paquistão, importantes exportadores – contexto foi similar para a Austrália. Com menor volumes de exportação no último quarto do ano, os estoques no curto prazo continuaram apertados sob demanda fortalecida no spot e, assim, os preços em NY se mantiveram sustentados”, informa.
No Paquistão, o excesso de chuvas causou alagamentos em diversas regiões. Imagens de satélite indicam que 2,5 milhões de hectares dos 4,9 milhões de ha agricultáveis em Sindh foram diretamente afetados pelas inundações.
A Tailândia colheu até 17 de janeiro, 34,6 milhões de toneladas de cana e produziu 3,6 milhões de tons de açúcar, 3,3% e 9,3% (respectivamente) acima de 2021/22. As estimativas da StoneX apontam para a produção de 11,2 milhões de toneladas (bruto) do adoçante no ciclo 2022/23, aumento anual de 10,9%, com 105,0 milhões de tons de cana disponíveis.
Em virtude das fortes chuvas entre setembro e novembro, a StoneX revisou a estimativa para a fabricação do açúcar na Índia, de 36,5 para 35,8 milhões de toneladas (branco), estabilidade frente a 2021/22.
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Na China, o andamento da safra continua apontando para crescimento anual, principalmente pela recuperação na área de cultivo. Por outro lado, o clima seco atingiu diversas regiões produtoras importantes.
A StoneX ajustou sua projeção para 9,8 milhões de toneladas do adoçante (branco), maior que a temporada 2021/22, que fechou em 9,56 milhões de toneladas.
No continente europeu, as expectativas permanecem de queda produtiva. Já nos Estados Unidos, o final da colheita da beterraba sacarina e surpresas positivas na moagem de cana no sul do país fizeram com que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) revisasse para cima a estimativa de produção de açúcar no relatório WASDE de janeiro.
Em linha com o Departamento, a StoneX ajustou para 8,38 milhões de toneladas (bruto) a fabricação do alimento pelos produtores estadunidenses.
Voltando ao Centro-Sul do Brasil, a safra 2022/23 (abr-mar) se encaminha para o final. Até dezembro, a moagem da região atingiu 541,5 milhões de toneladas de cana, e a produção de açúcar se encontra em 33,46 milhões de tons, em março/23, existe forte possibilidade de haver moagem acima da média para o mês, com muitas usinas devendo colher uma área que não foi colhida ainda por conta do excesso de chuvas – boa parte do mercado já conta com esse cenário.
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Motivo pelo qual a StoneX manteve a estimativa de 557,5 milhões de tons de cana para o ciclo atual. Para 2023/24, o crescimento da área e da produtividade, que deve ser beneficiada pelas chuvas que incidiram no CS na segunda metade de 2022, devem colocar ainda mais cana no mercado e, com um mix ainda mais açucareiro dada a dinâmica dos mercados dos derivados da biomassa – demerara sustentado em Nova Iorque e com prêmio de mais de 300 pontos frente ao etanol – a produção de açúcar deve ser ainda mais volumosa no Brasil a partir de abril deste ano.
Assim, a estimativa é que na temporada 2023/24, a moagem no Centro-Sul seja de 588,2 milhões de toneladas, podendo representar aumento anual de 5,5%. A oferta de açúcar na região prevista é de 36,0 milhões de toneladas (+4,9%) e a de etanol de cana de 26,0 milhões de m³ (+4,1%), sendo a produção de hidratado de 15,9 milhões de m³ – avanço safra-a-safra de 7,9% e 10,1 milhões de m³ de anidro.
No calendário-safra internacional 2022/23 (out-set), o Centro-Sul deve fabricar 37,99 milhões de toneladas (bruto) do alimento, alta anual de 30,2%, aponta o relatório da StoneX.