Após um cenário bastante adverso em relação à oferta do milho na temporada 2020/21 (fev/21- jan/22) no Brasil, principalmente com a quebra da safrinha, a expectativa é de uma produção mais robusta em 2021/22.
Considerando as 3 safras, a produção total brasileira está estimada em 120,1 milhões de toneladas pela StoneX, o que, caso concretizada, representaria um crescimento de 38,9% no comparativo anual e um recorde para o país.
Apesar da perspectiva bastante favorável em relação à produção do cereal, não se pode dizer que teremos um balanço de oferta e demanda folgado, em especial no primeiro semestre de 2022. Durante a primeira metade do ano, a demanda pelo milho é suprida basicamente pelos estoques iniciais, estimados em 10,25 milhões de toneladas para a temporada 2021/22, e pela produção da 1ª safra, estimada em 29,6 milhões de toneladas.
As informações foram destacadas em artigo publicado recentemente pela StoneX, e assinado pela analista da área de açúcar e etanol da consultoria, Marina Malzoni, e com a colaboração dos analistas Rafaela Souza e João Lopes.
Desconsiderando as exportações no primeiro semestre, visto que os embarques são significativamente mais volumosos na segunda metade do ano e, de forma simplificada, adotando o consumo doméstico no primeiro semestre como metade da demanda total estimada pela StoneX para a safra 2021/22, a disponibilidade seria de 39,8 milhões de toneladas para suprir 37,8 milhões de toneladas demandadas.
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Além disso, o balanço de oferta e demanda no primeiro semestre pode ser ainda mais justo, visto que, em função das irregularidades climáticas observadas no Rio Grande do Sul ao longo do mês de novembro, é provável que a StoneX reduza sua estimativa de produção para a safra de verão do estado, atualmente em 4,9 milhões de toneladas.
Para o setor de etanol, pode-se dizer que esse cenário não é tão preocupante, visto que, de modo geral, a maior parte das usinas costuma adquirir seus insumos antecipadamente. Assim, grande parte do milho necessário para as operações no início de 2022 já estaria originada.
Para a metade final de 2022, a tendência, ao menos por enquanto, é de um cenário mais confortável em relação ao balanço de O&D do cereal. Como já comentado, espera-se uma produção total recorde para a safra 2021/22 do cereal, impulsionada, principalmente, pela safrinha, estimada também em um volume recorde, de 88,9 milhões de toneladas – crescimento de 50,1% no comparativo anual.
Mesmo com a expectativa de elevada demanda doméstica pelo milho brasileiro, em especial para a alimentação animal, e de recuperação do volume exportado, atualmente estimado em 41 milhões de toneladas, contra 18,5 milhões na safra anterior, os estoques finais em 2021/22 ficariam em 14,9 milhões de toneladas, significativamente acima das 10,25 milhões de toneladas estimadas para o ciclo atual – o que abre espaço para alguma pressão negativa sobre o preço do grão no mercado interno, especialmente após a colheita da safra de inverno.
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Assim, pode-se dizer que tanto em termos monetários quanto em termos volumétricos o mercado do milho em 2022 deverá ser mais favorável para as usinas em comparação com este ano.
Traçando uma perspectiva de mais de longo prazo, a oferta do cereal deve acompanhar o consumo, favorecendo a expansão da produção de etanol de milho. Isso porque o Brasil possui terra disponível para expansão da agricultura. O espaço destinado ao cereal pode avançar sobre pastagens, bem como sobre áreas desocupadas pela colheita da soja – neste caso, a expansão seria especificamente para a safrinha. Além disso, apesar dos expressivos ganhos de produtividade dos últimos anos, ainda há espaço para avanços, principalmente com o desenvolvimento tecnológico do setor.