A moagem de cana-de-açúcar em Minas Gerais caminha para o final do período produtivo 2014/15. Em decorrência das chuvas registradas em dezembro, várias usinas encerraram as atividades mais cedo. Até o fechamento da primeira quinzena de janeiro, haviam sido esmagadas 58,5 mil toneladas, volume 3,99% inferior ao processado em igual intervalo da safra anterior. Para 2015/16, a tendência é de uma safra mais alcooleira devido às boas expectativas em relação à maior competitividade do produto. Os dados são da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig).
De acordo com o presidente da Siamig, Mário Campos, apenas uma unidade, localizada no Triângulo Mineiro, ainda está em período de moagem. “Nossa estimativa é encerrar a safra 2014/15 com o esmagamento de pouco mais de 59 milhões de toneladas. Até o momento, somente a usina do Triângulo, que começou a operar mais tarde, mantém o esmagamento. Acreditamos que a safra daquela unidade vai emendar com a próxima”, diz.
As expectativas em relação à produção 2015/16 são positivas, principalmente no que se refere ao etanol, cuja produção deve crescer em detrimento do açúcar. A aprovação do Projeto de Lei 5494/2014, que reduziu a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) incidente sobre o etanol hidratado de 19% para 14%, que entrará em vigor em março, também deve trazer novo fôlego ao setor sucroenergético de Minas Gerais.
Outros fatores, como a retomada da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina e o possível aumento da mistura de etanol ao combustível fóssil, dos atuais 25% para 27%, que ainda depende apenas da aprovação da presidente Dilma Rousseff, também devem contribuir para a evolução do setor.
Favorável
Após uma semana do aumento da PIS/Cofins sobre a gasolina – apesar dos postos e/ou distribuidoras terem reajustado também os valores do etanol -, segundo informações da Siamig, a relação entre os preços da gasolina e do combustível renovável tem sido um pouco mais favorável para o etanol.
“Estamos otimistas em relação à safra 2015/16, principalmente após as medidas adotadas pelos governos federal e estadual para que o etanol se torne mais competitivo em relação à gasolina”, observou o executivo da Siamig.
Na última semana, após o aumenta da alíquota do PIS/Cofins sobre a gasolina, a diferença média entre os preços dos combustíveis ficou em 71% no Estado, sendo que a relação antes da medida variava entre 73% e 74%. Em algumas regiões, como no Triângulo Mineiro, o etanol já está mais competitivo que a gasolina. “Em março, com a redução do ICMS, acreditamos que a diferença será maior, estimulando a demanda pelo etanol”. Além disso, a partir de maio, entra em vigor a Contribuição de Intevenção no Dominío Público (Cide) sobre a gasolina, o que dará novo fôlego ao etanol.
No que se refere ao clima, segundo Campos, as chuvas mais regulares registradas nas áreas de produção têm sido fundamentais para a recuperação dos canaviais, que em janeiro enfrentaram um longo período de estiagem.
Produtos
Do volume de cana já processada, 42,74% foi destinada à fabricação de açúcar, índice inferior à utilizada na safra 2014/15, que era de 44,04%. Os preços baixos pagos pelo produto no mercado internacional é o principal fator do desestímulo. Até a primeira quinzena de janeiro, Minas Gerais havia produzido 3,25 milhões de toneladas de açúcar, retração de 4,41% frente à safra anterior. O volume total para a safra foi estimado em 3,29 milhões de toneladas.
Ao contrário do açúcar, houve aumento na destinação do de cana para o etanol, passando de 55,96% para 57,3%. Até a primeira quinzena de janeiro, a produção de etanol total somou 2,68 bilhões de litros, aumento de apenas 0,82% quando comparado com o mesmo período do ano passado.
A produção de etanol hidratado ficou 2,97% superior, com a fabricação de 1,52 bilhão de litros, volume que superou a estimativa inicial do Siamig que previa uma geração de 1,5 bilhão de litros. Já o volume de etanol anidro recuou 1,89%, encerrando o período em 1,15 bilhão de litros. O volume total estimado é de 1,17 bilhão de litros.
Ao longo de 2014, o clima seco favoreceu a concentração de açúcares na cana, com isso, o índice de Açúcares Totais Recuperáveis por tonelada de cana-de-açúcar (ATR/TC) foi estimado em 136,5 quilos por toneladas, variação positiva de 2,58% sobre a safra anterior.
(Fonte: Diário do Comércio)