Os números apontam mais de 40 usinas de cana-de-açúcar fechadas nos últimos anos. Em 15 dias, podemos citar duas, Jardest e Unaçúcar. A primeira, localizada no interior de São Paulo, desestimulará a economia da pacata Jardinópolis, cidade com 40 mil habitantes. Já a segunda, fica em Água Preta, na Zona da Mata Sul, PE, e fará com que cerca de duas mil pessoas fiquem sem emprego.
Insensível à questão, o governo anunciou em meados de março a liberação de R$ 5 bilhões em financiamento para renovação de canaviais e estocagem. Contudo, dada a gravidade da crise, parte das usinas não têm acesso ao dinheiro, disseminando, a cada safra, tradicionais unidades produtoras.
A presidente da Unica – União da Indústria de Cana-de-Açúcar, Elizabeth Farina, por diversas vezes definiu o diálogo do setor com o governo como uma conversa de “surdo e mudo”, já que mensalmente os problemas e também possíveis soluções são levados ao Planalto Central. “Eles dizem que não há subsídios para a gasolina, sendo que a própria Petrobras confirma o auxílio. A prioridade do controle de preço da gasolina é a inflação e não o mercado de combustíveis”.
Por esses e outros motivos, lideranças do segmento canavieiro articulam para que nos dias 24 de abril e 13 de maio aconteçam manifestações públicas. O objetivo é fazer com que o governo enxergue note os reais problemas do setor. “Achamos que chegou a hora de mudarmos o tom, de endurecermos a luta para preservar o patrimônio construído com a produção do combustível verde e amarelo que é o etanol”, afirmou Arnaldo Jardim, presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Sucroenergético.
A primeira manifestação acontecerá nas cidades produtoras, culminando, no dia 13 de maio, em um movimento unificado em Brasília, DF. “O setor têm consciência das poucas, ou quase nulas, possibilidades do governo tomar alguma medida que cause grande impacto positivo na atual safra. Contudo, existe uma bandeira viável que pode ajudar a aumentar os preços médios do etanol ao mesmo tempo em que reduz os déficits da Petrobras e do Brasil com a importação de gasolina. Trata-se do aumento da mistura de anidro de 25% para 27,5% na gasolina”, aponta Josias Messias, presidente da ProCana Brasil.