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Setor quer marco regulatório

Setor quer marco regulatório

O setor sucroenergético avalia que a sinalização do governo em favor do etanol e a perspectiva de preços mais remuneradores para o açúcar no segundo semestre de 2015 devem apenas minimizar as dificuldades enfrentadas nos últimos anos. A análise ainda é de que nada tira o foco da grande questão estrutural, que é a necessidade de um marco regulatório para o biocombustível. Ele estimularia novos investimentos em toda cadeia, desde a indústria de base até as próprias usinas, cujo endividamento apenas no Centro-Sul beira os R$ 70 bilhões.

Cana da Agrovale tem maior produtividade por causa da técnica“Não há investimento em expansão da capacidade produtiva. Isso só vai ocorrer quando houver regras”, reforçou a diretora-presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina. Já para o sócio-diretor da consultoria Canaplan e presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, a crise é tão aguda que mesmo com um eventual aumento da competitividade do etanol nos primeiros meses de 2015 o setor só terá algum alívio na safra 2017/2018.

Entre os mecanismos mencionados por Carvalho está a volta da Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico (Cide) na gasolina, zerada em 2012. “É uma taxa sobre o impacto ambiental da gasolina, e o governo precisa arrecadar”, disse ele à Agência Estado. O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio espera a volta da Cide, na sua totalidade, ainda para o primeiro semestre deste ano.

Mistura na gasolina. Se pairam dúvidas sobre a Cide, há pelo menos uma certeza: o aumento da mistura de álcool anidro na gasolina. Espera-se que o porcentual passe de 25% para 27,5% já no mês que vem e gere uma demanda adicional de 1,2 bilhão de litros, de acordo com cálculos da consultoria Datagro.

Prevendo o incremento, a Unica estima que a produção de anidro deverá crescer 11,2% na próxima safra, para 11,9 bilhões de litros. Com as medidas, o setor espera recuperar importante parcela de participação na matriz energética brasileira.

Na safra 2008/2009, o biocombustível respondeu por 60,2% da demanda do chamado Ciclo Otto, que engloba hidratado e gasolina C. A partir de 2010, contudo, passou a cair e, em 2014/2015, ficou em 46,8%.

Açúcar. Hoje com preços menos remuneradores que os do etanol, o açúcar deve mostrar recuperação apenas no fim de 2015, com provável aperto nos estoques globais. Mas nada que aponte para uma mudança significativa do patamar de preços no médio prazo. O mercado de açúcar demerara, negociado na Bolsa de Nova York, espera uma reversão apenas daqui a dois anos, quando as reservas – que serão consumidas ao longo do período – caiam para o equivalente a 29% da demanda mundial, de 180 milhões de toneladas, segundo estimativas da Biosev.
Estimativas

1,2 bilhão é a demanda adicional de litros de álcool já em fevereiro

R$ 70 bi é a dívida estimada de usinas apenas no Centro-Sul

11,2% é o crescimento da produção de etanol na próxima safra

(Fonte: O Tempo)