Usinas

Setor de usinas de cana só melhora em 2017. Confira esta e outras avaliações de Ricardo Junqueira

Ricardo Junqueira, presidente da Usina Diana
Ricardo Junqueira, presidente da Usina Diana

O setor sucroenergético brasileiro irá respirar mais aliviado em 2016, com projetados déficits na produção mundial de açúcar, ante um consumo que avança por conta do crescimento vegetativo da população e do também crescente acesso de moradores ao consumo do alimento.

Mas apesar do cenário de alívio, as usinas de cana-de-açúcar só deverão registrar melhoria em 2017. A avaliação é do empresário Ricardo Junqueira, diretor da Usina Diana, localizada em Avanhandava (SP).

Confira a seguir essa e outras avaliações do empresário, que já fixou 40% da produção de açúcar da Diana em 2016. 

Déficit de açúcar:

“Acredito que começa a ter déficit de açúcar em 2016, em níveis de consumo e de produção, após cinco anos de superávit”

Preço do açúcar:

Junqueira, da Diana: cenário melhor a partir de 2016
Junqueira, da Diana: cenário melhor a partir de 2016

“[O cenário] dá um piso para o preço. Não concordo que os preços comecem a melhorar tão rápido, porque existe um consumo muito alto. Temos mais de 60% do consumo mundial em estoque. Mas dá um piso, um vislumbre, porque todo ano o consumo aumenta 2, 3 ou 4 milhões de toneladas, por conta da entrada de mais populações na classe média [e mesmo do crescimento vegetativo da população mundial].

Situação do etanol:

“O etanol também começa a ter um piso de preço razoável, uma vez que até então estava muito fraco. Acredito que 2016 será um ano difícil, mas menos difícil que 2015.”

A melhora para o setor sucroenergético virá quando?

“Em 2017”

Como está a produção de etanol na safra em andamento da Usina Diana?

“Estamos produzindo mais etanol.”

Será possível estocar etanol para comercializar no período da entressafra?

“Sim, mas não no volume esperado, porque precisamos fazer mais caixa. Planejava estocar 30 milhões de litros e acho que conseguirei chegar a 20 milhões de litros.”

Haverá casa bisada na Diana?

“Sim, e deveremos iniciar a moagem da 16/17 em março. Deveremos bisar 10% da moagem total, [ou seja, 1,650 mil toneladas], e iniciaremos a moagem em 15 de março próximo

A Diana terá uma entressafra curta?

“Sim, dependendo do tempo iremos moer até 15 de dezembro, para começar a próxima moagem em 15 de março, o que é uma novidade para a Diana.”

Já para prever o mix da 16/17?

“Vislumbramos produção mais açucareira em relação a este ano. No passado, a Diana já teve mix de 60% de açúcar e 40% de etanol. Nessa 15/16 estamos 55% etanol e 45% açúcar. Na 16/17 deverá ser meio a meio.”

Como a Diana faz a gestão do açúcar produzido?

“Fazemos o VHP e 100% do açúcar da Diana é exportado, através de tradings como a Bunge e a Noble.”

O dólar forte tem ajudado nas exportações, mas as telas [da bolsa de Nova York] sinalizam alta em 2016?

“Sim. Já as telas para 2016 já estão em 12,30, 12,50 dólares por libra peso, o que já é um preço razoável. E já para fixar preço com o dólar atual.”

A Diana tem feito isso?

“Sim, já estamos com 40% da produção de açúcar da próxima safra fixados, em um preço médio de R$ 1.140 por tonelada.”

É um valor remunerador?

“É razoável, para um custo de R$ 800 por tonelada de açúcar produzido, fora R$ 103 de transporte até o porto e mais US$ 12 pela elevação até o navio. Esse é o custo.”

E na safra 15/16, qual foi o preço fixado do açúcar?

“R$ 990 a tonelada. Não perdi, mas ganhei muito pouco”

Leia mais: Diretor da Usina Diana avalia impactos da crise chinesa para o açúcar

Como está a safra 2015/16 da Usina Diana:

Moagem prevista: 1,650 milhão de toneladas de cana-de-açúcar

Previsão para a safra 16/17: mesma moagem da 15/16