Na avaliação do presidente do SIFAEG (Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás), André Luiz Baptista Lins Rocha, após um ano marcado por inúmeros desafios, a próxima safra ainda carrega algumas incertezas para o setor, por conta, dentre outros motivos, da instabilidade climática.
“Estamos tendo agora um bom período chuvoso, mas as estimativas meteorológicas para janeiro a março são ruins, então esperamos que tenhamos uma cana pronta para começar e vamos ter uma produção reduzida em relação a produção do ano passado. Deve ser maior do que a safra que vai se encerrar, porém menor do que a do ano anterior”, prognosticou Rocha em entrevista ao JornalCana, na noite de premiação do MasterCana, edição 2021, quando foi contemplado com um dos troféus de mais influente do setor.
“Vivemos uma safra desafiadora, por conta dos problemas climáticos, que estamos sofrendo desde o ano passado, provocando uma queda na produção. Fomos surpreendidos por três geadas, até em regiões que nunca tiveram histórico de geadas. E também com a prática corriqueira de incêndios, alguns deles criminosos. Então tivemos uma quebra grande na produção”, explica.
LEIA MAIS > “Redução da moagem de cana deverá ser equivalente a uma Tailândia inteira”
Para o executivo, ainda convivemos com um preço alto, que acaba assustando o consumidor. “Ao mesmo tempo vivendo os desafios da pandemia, com custos altos na área de saúde e segurança, com a questão do afastamento dos funcionários, transporte, entre outros. Além do aumento muito grande de custos, vivemos o problema de abastecimento de produtos em algumas cadeias muito importantes”, lembrou.
Rocha avalia que o ano também foi marcado por muita discussão em torno dos preços. “Mas é importante lembrar que o setor enfrentou um período de alta dos custos e num ano atípico com queda da produção”.
Segundo Rocha, o setor termina essa safra mais cedo e deve começar a próxima com algumas incertezas, entre elas, a data do seu início. Ele também prevê uma maior participação do etanol de milho no mercado.
“Então será uma safra desafiadora. Ao mesmo tempo, as unidades estão se profissionalizando cada vez mais, buscando a eficiência. O milho tem se tornado cada vez mais uma realidade, com as usinas podendo utilizar o uso dos seus ativos, algumas empresas estão caminhando para um novo mercado”.
LEIA MAIS > DATAGRO estima que a safra 22/23 será de recuperação para região Centro-Sul
O presidente do SIFAEG avalia ainda que as práticas de governança e sustentabilidade ambiental devem dar um novo ritmo ao setor bioenergético. “As práticas ESG, estão na crista da onda, e o setor com muita expectativa, por aquilo que foi discutido na COP 26. Esperamos que o governo federal possa traçar políticas condizentes com aquilo que ele se comprometeu lá e ao mesmo tempo acompanhar a tramitação da reforma tributária, que tanto pode ser uma ameaça ou uma oportunidade para o setor”, conclui.