Nesta época do ano é comum o agricultor realizar a chamada reforma do canavial, que consiste no replantio da cana-de-açúcar após um ciclo com várias colheitas.
São diversas técnicas usadas para preparar o solo, aplicar corretivos, defensivos, plantar e realizar os tratos culturais. Porém, a escolha da variedade a ser plantada é certamente a decisão mais importante de todo o processo.
Pesquisas apontam que enquanto variedades atuais suportam em média cinco cortes, variedades de cana-energia podem alcançar oito cortes ou mais.
“Embora a cana-energia seja mais alta que a cana convencional, é a elevada quantidade de perfilhos que confere o alto potencial produtivo de biomassa da cana-energia. Associada a esse potencial de biomassa, temos na cana-energia um pouco menos de açúcares no caldo e um elevado teor de fibras quando comparado com a cana-de-açúcar convencional”, explica José Bressiani, diretor de Tecnologia Agrícola da GranBio, empresa pioneira na produção de etanol celulósico no Brasil.
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Bressiani aponta ainda que quando se multiplica produtividade de biomassa pelos teores de açúcares e de fibras, pode se chegar a uma produtividade de açúcar por área 30% superior e uma produtividade de fibras por área duas a quatro vezes superior às variedades convencionais.
Segundo ele, atualmente, a GranBio tem três mil hectares de cana Vertix, desenvolvida pela companhia, plantada em todo o País, e a expectativa é chegar a 137 mil hectares até 2025.
“O agricultor germina a muda pré-plantada em um viveiro e na sequência faz a plantação em linhas-mães. Em geral, plantamos uma linha-mãe de cana-energia a cada 15 a 20 linhas e nessa entrelinha plantamos outra cultura, como amendoim ou soja ou ainda um adubo verde como a crotalária, por exemplo”, detalha o diretor, comentando que, “ao realizar a colheita dessa cultura alternativa, o que acontece em meados de março, início de abril, teremos um solo mais fértil para a quebra da linha-mãe nos sulcos adjacentes e o fechamento do plantio do campo com a cana-de-açúcar e iniciar um novo ciclo de colheitas”.
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O executivo detalhou os 10 principais passos para realizar a reforma do canavial usando a técnica da Meiosi corretamente e ter uma nova safra bastante produtiva. Confira:
1º Passo: Preparo do solo corretamente e aplicação de corretivos
É preciso preparar o solo e eliminar a compactação ocasionada pelo tráfego de máquinas e veículos durante a colheita. Também é fundamental o controle de pragas de solos e plantas daninhas e incorporar corretivos do solo como calcário e gesso.
Realizar um diagnóstico da fertilidade das terras nas profundidades entre 0 e 50cm e aplicar os corretivos e fertilizantes nas quantidades e momentos adequados para o equilíbrio dos nutrientes no solo também é recomendável. Essa etapa é fundamental para uma lavoura saudável, mais produtiva e lucrativa.
2º Passo: Escolha a variedade de cana-de-açúcar que deseja plantar
Existem diversas variedades de cana no mercado. É necessário verificar, com base no ambiente de produção, época de colheita e tipo de produto que deseja obter (etanol, etanol 2G, açúcar, aguardente), qual a variedade mais adequada para o plantio.
As variedades de cana-energia têm se mostrado muito vantajosas e são uma ótima opção para os ambientes restritivos. Pesquisas apontam que, enquanto a cana comum suporta até cinco colheitas anuais, a cana-energia pode alcançar até oito anos de vitalidade. Além disso, a cana-energia, pode produzir significativamente mais que a cana-de-açúcar convencional, tolera melhor o estresse hídrico e é mais resistente a pragas e doenças.
Por ter maior produtividade e maior longevidade das colheitas, os custos de produção da cana-energia podem ser significativamente menores e, por tolerar mais o trânsito de máquinas em períodos úmidos, a colheita possa ser feita no ano todo.
3º Passo: Produção ou aquisição das mudas pré-brotadas (MPB) ou de meristemas ou de viveiros certificados com qualidade fitossanitária
Uma vez definida a variedade, o passo seguinte é produzir as mudas pré-brotadas (MPB) ou de meristemas ou adquirir de viveiristas certificados. Em ambos os casos é fundamental garantir que as mudas estejam sadias, ou seja, livres de pragas e doenças de importância agronômica e que causam dados econômicos às lavouras comerciais.
Caso o produtor opte por produzir as mudas de MPB ou o plantio de colmos, é importante que as gemas sejam coletadas em um viveiro em cana-planta com idade entre seis e 9 meses, que recebeu a condução agronômica correta, roguing mensais para a eliminação de pragas e doenças e submetido à diagnose para as doenças bacterianas da cana-de-açúcar, em especial ao raquitismo e a escaldadura.
4º Passo: Plantio da linha-mãe (Meiosi)
Se o plantio for com colmos, manual ou mecanizado. No método manual, é indicado o mínimo 11 gemas viáveis por metro. Já o plantio mecanizado deve conter o mínimo 18 gemas viáveis por metro. Se o plantio for por mudas de meristema ou MPB ele também poderá ser manual ou mecanizado e as mudas devem ser plantadas com espaçamento entre 0,5m e 0,7m na linha.
Um ponto importante no plantio da Meiosi é o traçado das linhas-mãe. Deve-se observar a taxa de propagação de mudas no momento da desdobra. Ela é influenciada pela variedade, ambiente, regime hídrico e tipo de desdobra, se manual ou mecanizada.
5º Passo: Irrigação adequada
Caso o solo não tenha umidade suficiente para a brotação das gemas ou pegamento das mudas, será necessário aplicar de 3 a 4 lâminas de irrigação de 20 a 30 milímetros cada em intervalos de 5 a 7 dias a depender da evapotranspiração e do tipo de solo.
6º Passo: Plantio da cultura intercalar
Recomenda-se que a cultura intercalar seja uma leguminosa. Opções interessantes são a soja e o amendoim, que, além de ter um ótimo preço no mercado, apresenta baixa exigência de fertilidade e boa adaptação a vários tipos de solo. Um adubo verde como a crotalária também é uma alternativa para ser plantada nesta entrelinha nos ambientes mais restritivos, em solos mais arenosos e com baixo teor de matéria orgânica.
7º Passo: Colheita da cultura intercalar
Realizar a colheita da cultura intercalar dentro do prazo acordado no plantio.
8º Passo: Repetir a etapa 1
Finalizar o preparo de solo na faixa intercalar.
9º Passo: Desdobra da Meiosi
Realizar a desdobra da Meiosi, conforme procedimento estabelecido quando do plantio da linha-mãe. Usar uma densidade de 12 a 15 gemas úteis por metro linear de plantio.
10º Passo: Tratos culturais de cana-planta
Após o plantio, deve-se fazer os tratos culturais em cana-planta, com a aplicação de defensivos, adubação de cobertura e a operação de quebra lombo para checar terra na cana e preparar o terreno para a colheita mecanizada.
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