Pedro Robério Ribeiro, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de Alagoas (Sindaçúcar-AL), revela, na entrevista a seguir, como deverá ser realizada a safra 2015/16 das usinas localizadas no Estado de Alagoas.
Quais as previsões para a 15/16 em Alagoas?
Pedro Robério – A safra está prevista para começar em setembro, que é o período clássico de início da safra em Alagoas. Subtraindo o problema econômico do setor, olhando só o aspecto agronômico, volumétrico, será uma safra ou que vai superar o volume processado na 14/15, que foi de 23 milhões de toneladas, mas como o regime pluviométrico está absolutamente regular, não é exagero admitir que deverá haver um pequeno crescimento. Ou seja, superar as 23 milhões de toneladas de cana.
E pode chegar a quanto?
Pedro Robério – Entre 24 e 25 milhões de toneladas de cana. Ou seja, 10%. Mas temos que reconhecer que as concessões que o Brasil todo faz, em não adubar plenamente, em não renovar, isso também acontece em Alagoas. Então pode ser que a contribuição climática seja insuficiente para reaver a produtividade necessária do canavial.
Qual foi a produtividade na 14/15 em Alagoas?
Pedro Robério – 130 quilos de ATR por tonelada. O que não é ruim. Levando em conta a regularidade climática, creio que alcançaremos o mesmo nível.
O perfil da safra será mais alcooleiro?
Pedro Robério – Sim. Deveremos chegar a 600 milhões de litros de etanol, e provavelmente 1,9 milhão de toneladas de açúcar. Os volumes projetados superam em 10% a produção da 14/15.
Qual é a projeção de consumo de etanol em Alagoas?
Pedro Robério – Alagoas talvez seja o único diferente do resto do Brasil. Por ano, Alagoas consome, no ciclo Otto, que é a soma de gasolina mais etanol, 500 milhões de litros. Desse volume, apenas 40 milhões de litros são de etanol. E Alagoas é o maior estado produtor de etanol do Nordeste. Ou seja, é auto-suficiente e ‘exporta’ etanol para outros estados.
O que impede o avanço do etanol no mercado de Alagoas?
Pedro Robério – É o ICMS. Alagoas tem o maior ICMS do país sobre o etanol e a gasolina, de 27%. Então, como as duas alíquotas são iguais e o valor energético da gasolina é melhor, é proibitivo, do ponto de vista econômico, se consumir etanol em Alagoas.
Há como mudar isso?
Pedro Robério – O governador de Alagoas, Renan Filho, está debruçado sobre pleito nosso e demonstrou muita sensibilidade em reverter este quadro. Nossa proposta é que [o ICMS sobre o etanol] caia para 18% e suba 29% para a gasolina.
Quantas unidades deverão operar a safra 15/16?
Pedro Robério – Vinte. O mesmo número de unidades da 14/15.
E cogeração?
Pedro Robério – A cogeração é para consumo próprio. Com excedente, para venda, só temos três unidades gerando 60 megawatts (MW), o que é muito para o Estado e pouco, considerando-se o potencial existente na região, em termos de bagaço e palha de cana.
Qual é a capacidade projetada de cogeração?
Pedro Robério – 400 mil MW, com o canavial hoje disponível.
O que seria necessário para o setor sucroenergético de Alagoas investir em cogeração?
Pedro Robério – Uma estabilidade da política energética nos leilões. Primeiro temos que resolver o problema do endividamento atual das empresas [unidades] para que possam entrar nessa nova empreitada. E um novo financiamento para cogeração precisa ter garantias de que a tarifa irá remunerar o suficiente para amortizar o investimento.