A moagem da safra de cana no Mato Grosso do Sul tem quebra de 6%. Mas o presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia do estado, Roberto Hollanda Filho, explica, em entrevista ao JornalCana, que a moagem das unidades seguirá até o fim de março.
Confira a entrevista do executivo ao JornalCana.
JornalCana – Como está a safra de cana-de-açúcar 2017/18 no Mato Grosso do Sul?
Roberto Hollanda Filho – As unidades sucroenergéticas do Mato Grosso do Sul vivem situação peculiar no setor [que praticamente já encerrou a safra 17/18]. Estamos na segunda quinzena de janeiro de 2018 e temos três usinas em moagem. E a expectativa é de que em fevereiro há mais usinas moendo.
Fale mais sobre a situação peculiar do Mato Grosso do Sul
Roberto Hollanda Filho – Temos usinas moendo cana-de-açúcar nos doze meses do ano. Dez por cento da safra no Mato Grosso do Sul é processada entre a segunda quinzena de dezembro e a segunda quinzena de março. É uma característica interessante.
Por que isso ocorre?
Roberto Hollanda Filho – Temos no estado um regime inconstante de chuvas. Em 2017, tivemos chuvas em abril e em maio, meses do começo da safra. Tivemos um problema, que foi a geada registrada em meados de agosto. Isso atrapalhou um pouco a nossa produção.
Como está a moagem?
Roberto Hollanda Filho – Moemos [até a segunda quinzena de janeiro] 43,7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. É um volume 6% abaixo do registrado no mesmo período da temporada anterior.
E a produção?
Roberto Hollanda Filho – A produção de açúcar está em 1,460 milhão de tonelada, 12% abaixo da safra anterior. Esperávamos crescer no açúcar na 17/18 e estabilizar no etanol. Mas o que vemos é uma perda do açúcar em parte por conta do impulso do etanol, no fim da safra, mas também por conta da geada que atrapalha a produção do açúcar.
E sobre etanol?
Roberto Hollanda Filho – Fizemos até a primeira quinzena de janeiro 840 milhões de litros de anidro, 13% acima do volume da safra passada. Representa um triste retrato do etanol que esperamos que mude. Já a produção de hidratado está em 1,6 bilhão de litros, 9% abaixo do produzido na temporada anterior. No total, as usinas do Mato Grosso do Sul chegam a 2,5 bilhões de litros, 2.4% abaixo da safra 16/17. Ou seja, vimos o hidratado decrescer em produção em detrimento ao anidro.
É o processo de gasolinização?
Roberto Hollanda Filho – Exatamente. É uma dura realidade do setor sucroenergético.
Como está a produção de ATR?
Roberto Hollanda Filho – Em 5,7 milhões de toneladas, 5% abaixo do registrado na safra anterior. Notamos que a cana está um pouco melhor, com acumulados 130,49 quilos de ATR por tonelada. E baixo, mas historicamente no Mato Grosso do Sul ele não tem sido alto por conta das chuvas.
O setor sucroenergético do Mato Grosso do Sul é mais alcooleiro?
Roberto Hollanda Filho – Sim, 74% da cana da safra foram destinadas para a produção de etanol. É uma característica nossa. E continuamos na safra.
Quando deve ser divulgado o balanço final da safra?
Roberto Hollanda Filho – No dia 31 de março. Até lá, se houver estiagem, conseguiremos moer em torno de 3,5 milhões de toneladas de cana.